Irmã venerável Maria de Ágreda (Espanha, 1602-1665). Obra: "Mística Cidade de Deus. Ed. Mosteiro Portaceli. 2011." [3º Tomo - 2ª Parte - 6º Livro - Cap. 10 - pág. 254/256:][Maria de Ágreda diz:] Encerramento da antiga lei: 1159. Deixando sua Mãe puríssima, nosso Salvador entrou no aposento preparado para a ceia. Com os doze apóstolos e outros discípulos, celebrou a ceia do cordeiro, observando todas as cerimônias da lei (ex 12, 3), sem deixar coisa alguma dos ritos que Ele mesmo havia ordenado por meio de Moisés. Nesta ceia, deu aos apóstolos a compreensão de todas as cerimônias da lei figurativa, como tinham sido inspiradas aos antigos Pais e Profetas, para significarem a realidade que o mesmo Senhor ia fazendo e faria como Redentor do mundo.
Deu-lhes a saber que, a antiga lei de Moisés e suas figuras, ficariam abolidas e substituídas pela realidade do que simbolizavam. Não poderiam continuar as sombras, desde que chegava a luz e princípio da nova lei da graça. Nesta, só permaneceriam os preceitos da lei natural que é perpétua, ainda que aperfeiçoados com outros preceitos divinos e conselhos que Ele ensinava.
Com a eficácia que daria aos novos Sacramentos de sua nova lei, cessariam os antigos que eram apenas figurativos. Para tudo isto, estava a celebrar aquela ceia em sua companhia, como encerramento dos ritos e obrigações da lei, pois sua finalidade era preparar e representar o que agora Ele estava fazendo. Conseguido o fim, cessavam os meios.
[...] Oração de Cristo: 1162. Meu eterno Pai e Deus imenso, vossa divina e eterna vontade determinou criar minha verdadeira humanidade, para ser cabeça de todos os predestinados (Rom 8, 29) à vossa glória e interminável felicidade. Por minhas obras, eles vão adquirir as disposições para conseguir a verdadeira bem-aventurança. Para este fim, e para redimir os filhos de Adão de sua queda, vivi com eles trinta e três anos. Já chegou, Senhor e Pai meu, a hora oportuna e aceita à vossa eterna vontade, para que vosso santo nome se manifeste aos homens. Em todas as nações seja conhecido e glorificado, através da santa fé que revelará a todos vossa incompreensível divindade.
Já é tempo de se abrir o livro fechado com sete selos (Apoc 5, 7) que vossa sabedoria me entregou, e sejam felizmente cumpridas as antigas figuras (Heb 10, 1) e sacrifício de animais. Significavam aquele sacrifício de mim mesmo que, voluntariamente, quero oferecer por meus irmãos, os filhos de Adão, membros deste corpo de quem sou cabeça, ovelhas de vossa grei, para os quais suplico que olheis com misericórdia. Se os antigos sacrifícios e figuras que vou substituindo pela realidade, aplacavam vossa ira, só pelo que simbolizavam, é justo meu Pai, que vossa indignação se acabe, pois Eu me ofereço em sacrifício, disposto a morrer na cruz pelos homens, sacrificando-me em holocausto, no fogo de meu próprio amor (Ef 5, 2). Senhor, modere-se o rigor de vossa justiça e olhai com clemência ao gênero humano. Concedamos-lhe anistia e
lhe sejam abertas as portas do céu, até agora fechadas por sua desobediência. Encontrem o caminho certo e entrada franca para entrar Comigo à visão de vossa divindade, se quiserem seguir minha lei e imitar meus passos.