Irmã venerável Maria de Ágreda (Espanha, 1602-1665). Obra: "Mística Cidade de Deus. Ed. Mosteiro Portaceli. 2011." [4º Tomo - 3ª Parte - 8º Livro - Cap. 4 - pág. 244:][Nossa Senhora diz a Maria de Ágreda:] Inveja do demônio 453.
Minha filha, a soberba do demônio alimenta uma ambição, que ele mesmo reconhece inatingível: desejaria ser servido e obedecido como Deus o é pelos justos e santos, e nisto ser semelhante a Deus.
Impossível, porém, é conseguir tal coisa, pois ela implica contradição irredutível. A essência da santidade consiste em a criatura ajustar-se à regra da divina vontade, amando a Deus sobre todas as coisas, sujeita à sua obediência. O pecado consiste em separar-se desta ordem, amando outra coisa e obedecendo ao demônio. A honestidade da virtude é tão conforme à razão, que nem o próprio demônio a pode negar. Por isto ele quisera, se fosse possível, derribar os bons, invejoso e indignado por não poder servir-se deles. Pelo mesmo motivo, anseia impedir a glória de Deus em seus santos, o que não pode conseguir. Em conseqüência, porfia tanto em derribar a seus pés, algum cedro do Líbano de elevada santidade, para fazer escravos seus, aos que eram servos do Altíssimo. Nisto emprega toda sua indústria, sagacidade e atenção. Com a mesma finalidade, procura que lhe dediquem algumas virtudes morais, ainda que o sejam só na aparência, como fazem os hipócritas, e faziam as virgens de Diana
[refere-se às virgens que idolatravam a deusa Diana/Ártemis no Templo em Éfeso]. Com isto, parece-lhe que toma parte no que Deus ama e quer, e que mancha e perverte as virtudes que o Senhor estima para, através delas, comunicar sua pureza às almas.