Irmã venerável Maria de Ágreda (Espanha, 1602-1665). Obra: "Mística Cidade de Deus. Ed. Mosteiro Portaceli. 2011." [2º Tomo - 2ª Parte - 3º Livro - Cap. 11 - pág. 51/52:][Maria de Ágreda diz:] Opera-se a Encarnação do Filho de Deus: 138. Ao pronunciar este "faça-se", tão doce aos ouvidos de Deus e tão feliz para nós, num instante realizaram-se quatro coisas: primeira, a formação do corpo santíssimo de Cristo, Senhor nosso, daquelas três gotas de sangue administradas pelo coração de Maria santíssima; segunda,
a criação da alma santíssima do Senhor, criada como as demais; terceira, união da alma ao corpo, compondo-se sua humanidade perfeitíssima; quarta, a divindade, na pessoa do Verbo, uniu-se com a humanidade e num suposto ficou realizada a Encarnação e formado Cristo, Deus e homem verdadeiro, Senhor e Redentor nosso.
[2º Tomo - 2ª Parte - 3º Livro - Cap. 12 - pág. 55:][Maria de Ágreda diz:] Cristo nunca foi só homem: 144. Para entender melhor as primeiras operações da alma santíssima de Cristo, nosso Senhor, supomos o que no capítulo passado fica declarado: todo o substancial deste divino mistério — formação do corpo, criação e infusão da alma, união inseparável da humanidade com a pessoa do Verbo —
realizou-se no mesmo instante. Daqui não se poder dizer que, em algum lapso de tempo, Cristo tenha sido puro homem. Sempre foi homem e Deus verdadeiro, pois quando, pela humanidade, começaria a ser homem, já era Deus eterno. Deste modo, nem um instante sequer foi apenas homem, mas sim Homem-Deus e Deus-Homem. Visto que, ao ser natural (sendo operativo) logo se pode seguir a operação ou atos de suas potências, no mesmo instante em que se executou a Encarnação, a alma santíssima de Cristo nosso Senhor foi glorificada com a visão e o amor beatífico. Seu entendimento e vontade encontraram imediatamente (a nosso modo de entender) a Divindade, que seu ser natural também encontrara. Uniu-se a ela pela sua substância, e as potências por suas operações perfeitíssimas, ficando todo deificado no ser e agir.