Irmã venerável Maria de Ágreda (Espanha, 1602-1665). Obra: "Mística Cidade de Deus. Ed. Mosteiro Portaceli. 2011." [2º Tomo - 2ª Parte - 3º Livro - Cap. 12 - pág. 56:][Maria de Ágreda diz:] Primeiros atos de Cristo: 147. Deificada e adornada com a divindade e seus dons,
a alma santíssima de Cristo nosso Senhor, realizou seus primeiros atos na seguinte ordem: primeiro, viu e conheceu a Divindade intuitivamente, como é em si e como estava unida à sua humanidade santíssima, e a amou com sumo amor beatífico. Em seguida reconheceu o ser da humanidade, inferior ao ser de Deus; humilhou-se profundissimamente, e nesta humildade
agradeceu ao ser imutável de Deus por tê-lo criado, e pelo dom da união hipostática que o elevou ao ser de Deus, permanecendo homem. Conheceu como
sua humanidade santíssima era passível, e o plano da Redenção. Ofereceu-se, então, livremente, em sacrifício (SI 39, 8, 9) para Redentor do gênero humano e, aceitando o ser passível, deu graças ao eterno Pai, em seu nome e no de todos os homens. Reconheceu a estrutura física de sua humanidade santíssima, a matéria de que fora formada, e como Maria santíssima lhe administrara à força de caridade e heróicas virtudes. Tomou posse daquele santo tabernáculo e morada. Agradou-se de sua beleza sublime, e cheio de complacência adjudicou como sua propriedade eterna a alma da mais perfeita e pura das criaturas. Louvou ao eterno Pai por tê-la criado com tão excelentes primores de graças e dons e por tê-la isentado da comum lei do pecado, apesar de ser filha de Adão, cujos descendentes tinham sido todos atingidos pela culpa (Rom 5, 12). Orou pela puríssima Senhora e por São José, pedindo para eles a salvação eterna. Estes e outros atos foram altíssimos, porque realizados por homem e Deus verdadeiro. Independente dos que se referem à visão e amor beatífico, com qualquer um deles mereceu tanto que seu valor poderia redimir infinitos mundos, se existissem.
[3º Tomo - 2ª Parte - 6º Livro - Cap. 11 - pág. 266:][Maria de Ágreda diz:] Para entender os atos do Verbo humanado, lembro que Ele possuía duas naturezas, humana e divina, numa só pessoa, a do Verbo. Por isto, as ações de ambas as naturezas pertencem à mesma pessoa, Deus e homem.
Dizendo que o Verbo humanado falava e orava a seu eterno Pai, não se entenda que falava com a natureza divina, pela qual era igual ao Pai (Jo 10, 30), mas sim com a humana, pela qual era menor (Jo 14,28), porque consta como a nossa, de corpo e alma. Deste modo é que no Cenáculo louvou ao eterno Pai, exaltando-lhe a divindade e infinito ser.