Irmã venerável Maria de Ágreda (Espanha, 1602-1665). Obra: "Mística Cidade de Deus. Ed. Mosteiro Portaceli. 2011." [3º Tomo - 2ª Parte - 6º Livro - Cap. 11 - pág. 271:][Maria de Ágreda diz:] Os milagres da transubstanciação: 1194. Maria santíssima entendeu ainda que, embora o sagrado corpo não tivesse dependência natural dos acidentes, no modo como expliquei, contudo
não se conservaria neles sacramentado, senão enquanto os acidentes de pão e vinho durassem sem se corromper. Assim o ordenou a vontade santíssima de Cristo, autor dessas maravilhas. Esta determinação foi como que uma dependência, voluntária e moral, da existência milagrosa de seu corpo e sangue à existência incorrupta dos acidentes. Quando eles se corrompem e destroem pelas causas naturais que os podem alterar — como acontece com o calor do estômago de quem recebe o Sacramento, ou por outras causas — então Deus cria de novo outra substância, no último instante em que as espécies estejam dispostas para receber essa transformação. Com esta nova substância, faltando já a existência do corpo sagrado, opera-se a nutrição do corpo que alimenta e se introduz a forma humana que é a alma. Este prodígio de criar nova substância que assuma os acidentes alterados e corrompidos, é conseqüente à determinação da vontade divina, de não permanecer o corpo sagrado com a corrupção dos acidentes. É conseqüente também à natureza, porque a substância do homem que se alimenta, só pode aumentar com outra substância que se lhe acrescente, e os acidentes não podem continuar-se nesta substância.
[4º Tomo - 3ª Parte - 7º Livro - Cap. 8 - pág. 87:][Nossa Senhora diz a Maria de Ágreda:] A comunhão bem feita: 132. Minha filha, com tudo o que até agora te manifestei, estás bem informada sobre minha vida e minhas obras. Fora de Mim, em pura criatura, não há outro modelo por onde possas copiar a maior santidade e perfeição que desejas. Declaraste, agora, o supremo estado das virtudes que Eu tive na vida mortal. Com este benefício, aumento mais tua obrigação para renovares teus desejos e usares toda a atenção de tuas potências, na perfeita imitação do que te ensino. Já é tempo e razão, caríssima, que te entregues totalmente à minha vontade. Para mais te animares a conseguir este bem, advirto-te o seguinte:
quando meu Filho Santíssimo sacramentado entra naqueles que o recebem com veneração e fervor, tendo-se preparado quanto lhes foi possível, para recebê-lo com pureza de coração e fervor; nestas almas, ainda que se consumam as espécies sacramentais, permanece o Senhor por outro especial modo de graça com que as assiste, enriquece e governa, em retribuição da boa hospedagem que lhe deram. Poucas almas alcançam este favor, porque muitas o ignoram. Aproximam-se do Santíssimo sem esta disposição, maquinalmente ou por costume, sem preparar-se com a veneração e temor santo que deviam. Tu, porém, estando a par deste segredo, quero que todos os dias (pois em todos o recebes por obediência a teus superiores) vás preparada dignamente, para não te ser recusado este grande benefício.