Irmã venerável Maria de Ágreda (Espanha, 1602-1665). Obra: "Mística Cidade de Deus. Ed. Mosteiro Portaceli. 2011." [3º Tomo - 2ª Parte - 6º Livro - Cap. 23 - pág. 396/397:][Maria de Ágreda diz:] O lugar dos maus cristãos no inferno: 1424. A queda de Lúcifer e seus demônios do monte Calvário ao fundo do inferno, foi mais estrondosa e violenta, do que quando foram expulsos do céu. Aquele lugar é terra tenebrosa, coberta pelas sombras da morte, cheio de caliginosa confusão, misérias, tormentos e desordem, como diz o santo Job (Job 10, 21). Todavia nesta ocasião, aumentou sua desgraça e anarquia. Os condenados sentiram novo pavor e pena acidental, pela ferocidade e choque com que os demônios, furiosos de despeito, foram ali precipitados.
Certo é que eles não têm poder para, a seu capricho, colocar as almas em lugar de maior ou menor tormento. Isto é determinado pela divina justiça, de acordo com os deméritos de cada réprobo, sendo esta a medida de seus tormentos.
Contudo, além desta pena essencial, permite o justo Juiz que possam padecer outras penas acidentais em certas ocasiões. Os seus pecados deixaram raízes no mundo. Por causa deles muitos outros se condenaram, e este efeito de seus pecados não reparados, é que lhes causam novas e sucessivas penas.
Os demônios atormentaram Judas com novas torturas, por ter vendido e procurado a morte de Cristo. Conheceram, então, que aquele lugar de tão tremendas penas onde o haviam posto, como acima falei,
era destinado para castigo dos que se condenassem com fé e sem obras, desprezadores da prática desta virtude e do fruto da redenção humana. Contra estes, os demônios nutrem maior ódio, assim como o conceberam contra Jesus e Maria.