Irmã venerável Maria de Ágreda (Espanha, 1602-1665). Obra: "Mística Cidade de Deus. Ed. Mosteiro Portaceli. 2011." [3º Tomo - 2ª Parte - 6º Livro - Cap. 6 - pág. 226:][Maria de Ágreda diz:] Obstinação de Judas: 1112. Todos os pensamentos de Judas eram conhecidos, não só do divino Mestre, mas também de sua Mãe santíssima. Nem por isto, o Senhor deixou de lhe falar como amoroso pai, e de lhe enviar ao obstinado coração santas inspirações. A estas, a Mãe de clemência acrescentou novas exortações e diligências para impedir o discípulo de cair no precipício. Naquela noite da ceia, que foi no sábado antes do domingo de Ramos, chamou-o em particular e com palavras de grande doçura, entre copiosas lágrimas, lhe mostrou o tremendo perigo que corria.
Pediu-lhe que mudasse de resolução, e se nutria rancor por seu Mestre que se vingasse n"Ela, pois seria menor mal, sendo Ela pura criatura, e Ele seu Mestre e verdadeiro Deus. Para saciar a cobiça daquele avarento coração, ofereceu-lhe algumas coisas que para isso a divina Mãe recebera de Madalena. Nenhuma destas diligências, entretanto, foram capazes de abrandar o ânimo endurecido de Judas, nem tão vivas e suaves razões puderam impressionar seu
coração mais duro que o diamante. Pelo contrário, não achando o que responder às justas palavras da prudentíssima Rainha,
calou e se irritou ainda mais, mostrando-se ofendido.
Mas, nem por isso, se envergonhou de aceitar o que Ela lhe deu, pois era tão ambicioso quanto desleal. Deixando-o, Maria santíssima dirigiu-se a seu Filho e Mestre, e cheia de amargura e lágrimas atirou-se a seus pés. Procurou consolá-lo com grande compaixão, pois via que sua humanidade santíssima se entristecia pelas mesmas razões que depois o fez dizer aos discípulos: minha alma está triste até a morte (Mt 26, 38). Estas penas eram produzidas pelos pecados dos homens que haviam de perder o fruto de sua paixão e morte, como adiante direi.