Irmã venerável Maria de Ágreda (Espanha, 1602-1665). Obra: "Mística Cidade de Deus. Ed. Mosteiro Portaceli. 2011." [3º Tomo - 2ª Parte - 6º Livro - Cap. 14 - pág. 301/302:][Maria de Ágreda diz:] Suicídio de Judas 1248. Ao vê-lo arrasado, Lúcifer lhe sugeriu dirigir-se aos sacerdotes pa confessar seu pecado e lhes devolver o dinheiro. Assim o fez Judas, imediatamente, e gritando lhes disse aquelas palavras: Pequei, entregando o sangue do Justo (Mt 27, 4).
Eles, porém, não menos endurecidos, responderam-lhe que tivesse pensado nisso antes. A intenção do demônio era impedir a morte de Cristo, nosso Senhor, pelas razões que deixo ditas e direi mais adiante
[Maria de Ágreda diz que o demônio tentou várias estratégias contra Jesus, até mesmo, em certo momento, evitar sua morte para não ocorrer a remissão da humanidade]. Com esta repulsa dos príncipes dos sacerdotes, tão cheia de ímpia crueldade,
acabou Judas de desesperar, convencendo-se de já não ser possível evitar a morte de seu Mestre. Outro tanto julgou o demônio, ainda que continuou suas diligências por meio de Pilatos. Mas,
como Judas se tornara inútil para seus planos, aumentou-lhe a tristeza e despeito e o persuadiu que, para não enfrentar mais duras penas, se tirasse a vida. Acolheu Judas este formidável erro, e saindo da cidade enforcou-se (Mt 27, 5) numa árvore seca, tornando-se homicida de si mesmo, depois de se haver feito deicida de seu Criador. A infeliz morte de Judas foi na mesma sexta-feira, pelo meio-dia, antes que morresse nosso Salvador. Não convinha que a morte do Senhor e nossa consumada redenção, caísse logo sobre a execrável morte do discípulo traidor, que, com desmedida malícia, O havia desprezado.