Augusto Cury (Brasil, 1958-X). Obra: "O homem mais inteligente da história. Rio de Janeiro. Ed. Sextante. 2016. 265p." (pág. 219/221) — Em primeiro lugar: por que Maria disse que acabou o vinho?
[...] - Pensem comigo. Ela apenas apontou que o vinho acabou. Por quê?
Sem pretender discutir assuntos da fé, as palavras breves de Maria "O vinho acabou" eram mais do que um pensamento sintético. Era uma senha dizendo: "Eu já vi você fazendo coisas incríveis. Se você quiser, pode mudar isso."
[...]em seguida, Maria diz aos servos: "Fazei tudo o que ele vos disser." Filho e mãe se conheciam tanto que
eles falavam através de códigos e olhares [...].
— Depois da senha de Maria. Jesus falou a sua senha, "Mulher". e indagou "O que tenho eu contigo? Não é chegada a minha hora".
É provável que ele tenha preparado sua mãe muitas vezes para ela separar as coisas. Imaginem a cena comigo. Jesus respirou lenta e profundamente. Queria contar algo que a chocaria. Ela pensava que nunca o perderia, ainda mais de forma inumana.
[...] "Mãe, preciso lhe contar algo. Chegou a minha vez de partir. Sou profundamente grato por todo o carinho, cuidado e atenção. Mas de agora em diante deixarei de ser em primeiro lugar seu filho e serei filho da humanidade. Os riscos serão enormes."
E sua mãe deve ter-lhe dito: "Mas não conseguirei ficar longe de você, meu filho", ao que ele respondeu: "Se não puder ficar longe de mim, se quiser me acompanhar, terá grandes alegrias, mas enormes frustrações" "Estou preparada", disse ela, sempre ousada.
Mas com sensibilidade ele comentou: "Para diminuir seu sofrimento, você terá que voltar à sua origem. Terá que se posicionar não como minha mãe, mas como a mulher das mulheres. Lembre-se sempre da missão para a qual você foi chamada." "Não me esquecerei, meu filho." "Não há pior dor do que uma mãe perder um filho." "Meu filho, você vai morrer?", perguntou ela, abalada. "Mãe, lembre-se: eu sou o cordeiro de Deus."
Ela sentiu uma dor intensa. Ficou com os olhos úmidos. Limpou o rosto com suas vestes grossas. Sua alma seria transpassada sem anestesia.
"Eu o amo de forma inimaginável, meu filho... Me ajude se eu me esquecer...", disse ela com a voz embargada.
Pegando as duas mãos dela, beijou-lhe o rosto e tentou poupá-la:
"Se você se esquecer, lhe darei uma senha: "mulher"." [...] —
Então, quando Jesus falou para Maria aquela frase aparentemente fria "Mulher, o que tenho eu contigo?", na realidade ele estava lembrando-a da senha.