Irmã venerável Maria de Ágreda (Espanha, 1602-1665). Obra: "Mística Cidade de Deus. Ed. Mosteiro Portaceli. 2011." [4º Tomo - 3ª Parte - 7º Livro - Cap. 15 - pág. 164/165:][Maria de Ágreda diz:] Os pecadores inveterados: 292.
Existem almas tão infelizes e depravadas que, depois que perderam a graça do Batismo, durante toda a vida não fizeram quase nenhum bem; e se alguma vez se levantaram do pecado, voltam e permanecem nele, com tanta indiferença que parecem ter fechado as contas com Deus!
Vivem e agem sem esperança da outra vida, sem temor do inferno, nem escrúpulos de qualquer pecado. Nestas almas, não há ação vital de graça, nem impulso de verdadeira virtude,
os santos anjos nelas não encontram algo de bom, para alegar em sua defesa.
Os demônios clamam: Esta, pelo menos, de qualquer modo é nossa, está sujeita a nosso poder, e a graça não tem parte nela. E, representam aos anjos todos os pecados, maldades e vícios daquela alma,
que voluntariamente serve a tão mau patrão. Aqui é incrível e indizível o que se passa entre os demônios e os anjos. Os inimigos se opõem furiosamente que a ela sejam dadas inspirações e auxílios, mas como não podem resistir ao poder divino, empregam enorme esforço para que a alma não atenda aos chamados do céu. Com tais almas acontece, geralmente, este fato surpreendente: todas as vezes que Deus, por Si ou por meio de seus anjos, lhes envia alguma santa inspiração, outras tantas é necessário afugentar os demônios,
para que ela perceba a inspiração, e aquelas aves de rapina não venham logo devorar a boa semente (Lc 8, 12). A defesa destas almas, ordinariamente, é feita pelos anjos, com aquelas palavras que disse acima (n° 285): Quem como Deus que habita nas alturas? Quem como Cristo que está à destra do eterno Pai? Quem como Maria Santíssima?; e outras semelhantes. Delas fogem os dragões infernais, e às vezes caem nos abismos, ainda que depois, como não se lhes acaba a raiva, voltam ao combate.