Irmã venerável Maria de Ágreda (Espanha, 1602-1665). Obra: "Mística Cidade de Deus. Ed. Mosteiro Portaceli. 2011." [3º Tomo - 2ª Parte - 6º Livro - Cap. 20 - pág. 358/359:][Nossa Senhora diz a Maria de Ágreda:] Deus não é responsável pela maldade humana: 1351. Minha filha, estás refletindo, com admiração, na dureza e malícia dos judeus e na facilidade com que Pilatos, conhecedor dos fatos, capitulou diante deles, para agir contra a inocência de meu Filho e Senhor. Quero tirar-te desta admiração, com ensinamentos e avisos apropriados para andares com cuidado no caminho a vida. Já sabes que as antigas profecias do mistério da redenção, e todas as santas escrituras eram infalíveis. Antes faltaria o céu e a terra do que seu cumprimento (Mt 24, 35; At 3, 18), como na mente divina estava determinado.
Para se executar a ignominiosa morte profetizada para meu Senhor (Sab 2, 20; Jer 11, 19), eram necessários homens que o perseguissem. O fato, porém, destes terem sido os judeus e seus pontífices, e Pilatos o injusto juiz que o condenou, foi suma infelicidade deles e não escolha do Altíssimo que a todos quer salvar (1 Tim 2, 4).
Quem levou estes ministros a tamanha ruína, foram suas próprias culpas e desmedida malícia. Resistiram à graça inefável de ter consigo o seu Redentor e Mestre, de tratar com Ele, ouvir sua pregação e doutrina, assistir seus milagres e receber tantos favores, como nenhum dos antigos pais receberam, apesar de muito os desejar (Mt 13,17). Com isto se justificou a causa do Senhor e ficou evidente como cultivou sua vinha com as próprias mãos, cumulando-a de benefícios. Em troca, ela lhe deu espinhos e abrolhos, tirou a vida ao Senhor que a plantara e não o quis reconhecer, como devia e podia, mais que os estranhos.