Irmã venerável Maria de Ágreda (Espanha, 1602-1665). Obra: "Mística Cidade de Deus. Ed. Mosteiro Portaceli. 2011." [3º Tomo - 2ª Parte - 5º Livro - Cap. 25 - pág. 152:][Nossa Senhora diz a Maria de Ágreda:] Pecado e reparação: 992. Minha filha, as obras de mortificação corporal são próprias e legítimas das criaturas mortais. A ignorância desta verdade, o esquecimento e desprezo da obrigação de abraçar a cruz, têm perdido a muitas almas, e a outras põem no mesmo perigo. O primeiro motivo que obriga os homens a afligir e mortificar a carne, é terem sido concebidos em pecado (SI 50, 7). Por este, toda a natureza humana ficou depravada, as paixões rebeldes à razão, inclinadas ao mal e opostas ao espírito (Rom 7, 23). Deixadas à sua propensão, arrastam a alma de um vício para outro. Se, porém, refreia-se esta fera com o freio da mortificação e penalidades tira-se-lhe a tirania, enquanto a razão e luz da verdade passam a ser superiores. O segundo motivo é porque
nenhum dos mortais deixou de pecar contra Deus. A culpa, necessariamente, exige a pena e castigo, nesta ou na outra vida. Visto que corpo e alma pecam juntos, por reta justiça ambos devem ser punidos, Não basta a dor íntima, se a carne foge de padecer a pena que lhe compete. Como a dívida é grande, e limitada é a satisfação do réu ainda que faça muito durante toda a vida não deve descansar até o fim dela, pois não sabe se já terá satisfeito o juiz.