Irmã venerável Maria de Ágreda (Espanha, 1602-1665). Obra: "Mística Cidade de Deus. Ed. Mosteiro Portaceli. 2011." [1º Tomo - 1ª Parte - 1º Livro - Cap. 18 - pág. 147:][Maria de Ágreda diz:] Maria co-redentora e dispenseira das graças: 275. Admirando-me desta grandeza de Maria puríssima e de que Ela fosse medianeira e porta para todos os predestinados, foi-me dado a entender que este privilégio corresponde ao seu ofício de Mãe de Cristo e dos homens. Pelo fato de haver dado com seu puríssimo sangue e substância, corpo humano no qual seu Filho Santíssimo sofresse e redimisse os homens,
de certo modo ela morreu e padeceu em Cristo, em conseqüência dessa identificação de carne e sangue. Além disso,
acompanhou-o em sua paixão e morte e, com divina humildade e fortaleza, a quis sofrer no modo que lhe foi possível. Assim como cooperou na paixão e deu a seu Filho com que padecer pelo gênero humano, também o Senhor a fez participante da dignidade de Redentora e entregou-lhe os méritos e frutos da Redenção, para deles ser a única dispensadora aos redimidos. Oh! admirável tesoureira e depositária de Deus! Que seguras estão em tuas divinas e liberais mãos, as riquezas da destra do Onipotente! "Tinha esta cidade três portas ao oriente, três portas ao setentrião, três portas ao meio-dia e três portas ao ocidente " (v. 13). Três portas para cada parte do mundo. Por estas três portas, introduz os mortais para receberem tudo quanto o céu e a terra possuem: Aquele que deu ser a tudo o que existe, as três divinas pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo.
Cada uma delas deseja que Maria solicite, livremente, os tesouros divinos para os mortais. Ainda que seja um só Deus, cada uma das pessoas dá entrada franca a esta puríssima Rainha. No tribunal do Ser imutável da Santíssima Trindade,
lhe é concedido interceder, pedir, e tirar tesouros para dá-los aos devotos de todo o mundo que a invocam. Nenhum dos mortais de qualquer lugar, tempo e nação em toda a terra, tem desculpa de não entrar, pois em todas as direções há, não uma, e sim três portas. Se entrar numa cidade por uma porta aberta e franca é tão fácil, quem não entra, não é por falta de porta, mas porque não quer entrar nem se pôr a salvo. Que dirão aqui os infiéis, hereges e pagãos? Que dirão os maus cristãos e obstinados pecadores? Se os tesouros do céu estão nas mãos de nossa Mãe e Senhora, se Ela nos chama e solicita por meio de seus anjos, se é porta e muitas portas do céu, como são tantos os que ficam de fora e tão poucos os que por elas entram?