Irmã venerável Maria de Ágreda (Espanha, 1602-1665). Obra: "Mística Cidade de Deus. Ed. Mosteiro Portaceli. 2011." [3º Tomo - 2ª Parte - 5º Livro - Cap. 18 - pág. 107 a 112:][Maria de Ágreda diz:] Maria, coadjutora de Cristo: 910. Para organizar e construir esta obra que seu eterno Pai lhe confiou, com a suma perfeição que lhe pôde dar como homem e Deus verdadeiro, ocupou-se Cristo, nosso bem, durante toda a vida que passou neste mundo. À medida em que se aproximava do seu fim e da realização de tão elevado sacramento, ia agindo com maior intensidade e eficácia de seu poder e sabedoria. De todos estes mistérios, era fiel arquivo e testemunha o coração de nossa grande Rainha e Senhora.
Em tudo cooperava com seu Filho santíssimo, como sua coadjutora nas obras da redenção humana. De acordo com isto, para se compreender perfeitamente a sabedoria da divina Mãe, e sua cooperação nos mistérios da redenção, seria necessário entender também quanto encerrava a ciência de Cristo, nosso Salvador, e as obras de seu amor e prudência, pelas quais ia encaminhando os meios oportunos e convenientes, para os altíssimos fins que tinha em vista.
No pouco que eu disser sobre os atos de sua Mãe santíssima, sempre se há de subentender os de seu Filho santíssimo com quem Ela cooperava, imitando-o como seu modelo.
[3º Tomo - 2ª Parte - 5º Livro - Cap. 22 - pág. 133/135:][Maria de Ágreda diz:] Jesus pede licença à Maria para partir: 957. Cessou este rapto e visão, e não me detenho mais a explicar seu modo e condições, pois foi semelhante a outras visões intuitivas que descrevi. Com a virtude e efeitos desta, ficou Maria santíssima preparada, para se despedir de seu Filho santíssimo que determinara ir logo receber o batismo, e retirar-se ao deserto para o jejum. Chamou-a Jesus, e falou-lhe como filho amantíssimo, cheio de carinho e compaixão. Disse-lhe: Minha Mãe, o ser de verdadeiro homem, recebi-o só de vossa substância e sangue, e destes tomei a forma de servo (Filip 2,7) em vosso virginal seio. Criastes-me a vossos peitos, alimentando-me com vosso trabalho e suor. Por estas razões, reconheço-me por vosso filho, mais do que qualquer outro o foi ou será, de sua mãe. Dai-me licença para ir cumprir a vontade de meu eterno Pai. Chegou a hora de me separar de vossa carinhosa e doce companhia e dar princípio à obra da redenção humana. Termina o descanso e começa a hora de sofrer pelo resgate de meus irmãos, os filhos de Adão.
Esta missão que meu Pai me confiou quero, porém, realizá-la com vossa assistência. Nela sereis minha companheira e coadjutora, participante de minha paixão e cruz. Ainda que agora é forçoso vos deixar só, ficará convosco minha eterna bênção, rainha solícita, amorosa e invicta proteção.
Depois voltarei para me acompanhardes e ajudardes em meus trabalhos, pois vou padecê-los na forma humana que me deste.