Irmã venerável Maria de Ágreda (Espanha, 1602-1665). Obra: "Mística Cidade de Deus. Ed. Mosteiro Portaceli. 2011." [3º Tomo - 2ª Parte - 6º Livro - Cap. 17 - pág. 324/325:][Maria de Ágreda diz:] Os santos anjos e a Virgem: 1287. Jesus não aceitou este obséquio dos anjos e lhes respondeu: Espíritos e ministros de meu eterno Pai, não é minha vontade receber agora, em minha paixão, alívio algum. Quero sofrer estes opróbrios e tormentos para satisfazer minha ardente caridade pelos homens, e deixar a meus escolhidos e amigos, exemplo para me imitarem e não desanimarem na tribulação. Que todos estimem os tesouros da graça que lhes mereci, copiosamente, por meio destas penas. Quero também justificar minha causa. No dia de minha indignação, seja evidente aos réprobos a justiça com que são condenados, por terem desprezado a acerbíssima paixão que sofri para salvá-los.
A minha Mãe direis que se console nesta tribulação até chegar o dia da alegria e do descanso. Agora, me acompanhe no que faço e padeço pelos homens, pois de seu compassivo sentimento e de tudo o que faz, recebo agrado e complacência. Com esta resposta voltaram os santos anjos à sua grande Rainha e Senhora, consolando-a com sua embaixada sensível, ainda que, por outro modo, Ela conhecia a vontade de seu Filho santíssimo e tudo o que acontecia na casa do pontífice Caifás. Quando viu a crueldade com que tinham amarrado o Cordeiro de Deus, a posição dura e penosa de seu corpo santíssimo, sentiu a Mãe puríssima a mesma dor em sua pessoa, assim como sentia os golpes, bofetadas e opróbrios que fizeram ao Senhor,
Tudo ressoava, semelhante a miraculoso eco, no virginal corpo da cândida pomba, e a mesma dor feria Filho e Mãe, qual espada que traspassava a ambos. A diferença estava em que, Cristo sofria como Homem-Deus e único Redentor dos homens, e Maria santíssima como pura criatura e coadjutora de seu Filho santíssimo.