Irmã venerável Maria de Ágreda (Espanha, 1602-1665). Obra: "Mística Cidade de Deus. Ed. Mosteiro Portaceli. 2011." [1º Tomo - 1ª Parte - 1º Livro - Cap. 19 - pág. 155/156:][Maria de Ágreda diz:] Maria, porta do céu: 297. Prossegue o Evangelista: "As doze portas são doze pérolas, cada porta de uma pérola" (v, 21). O grande número de portas nesta cidade traduz que, por Maria Santíssima e sua inefável dignidade e merecimentos, a entrada para a vida eterna fez-se tão feliz quão gratuita. Era como devido à excelência desta Rainha que nela se exaltasse a infinita misericórdia do Altíssimo.
Por Ela seriam abertos inúmeros caminhos para a Divindade se comunicar e para todos os mortais entrarem em sua participação, caso quisessem passar pelos méritos e poderosa intercessão de Maria Santíssima. A grandiosidade, valor, formosura e preciosidade destas doze portas que eram de pérolas, manifesta o valor da dignidade e das graças desta Imperatriz das alturas, e a suavidade de seu dulcíssimo nome para
atrair os mortais a Deus. Conheceu Maria Santíssima a graça que o Senhor lhe fazia de ser,
através de seu Filho Unigênito, medianeira única do gênero humano, e dispenseira dos tesouros de sua divindade. Usando deste privilégio, soube a prudente e oficiosa Senhora tomar tão preciosos e belos os méritos de suas obras e dignidade, que arrebata de admiração os bem-aventurados do céu. Assim, foram as portas desta cidade preciosas pérolas, tanto para Deus como para os homens.
[4º Tomo - 3ª Parte - 8º Livro - Cap. 14 - pág. 335/336:][Maria de Ágreda diz:] Mediação de Cristo e de Maria: 643. Sendo assim, ordenou a sabedoria infinita que houvesse, entre os homens, quem pudesse compensar esta injúria e reparar este agravo dos ingratos a tão sublime benefício. Com digno agradecimento, esta criatura seria mediadora entre os homens e Deus para aplacá-lo e satisfazê-lo, o quanto era possível à natureza humana.
Isto foi realizado, em primeiro lugar, pela humanidade santíssima de nosso Redentor e Mestre Jesus, o mediador junto ao Pai (1 Tm 2, 5). Reconciliou com o Pai toda a linhagem humana e desta satisfez as culpas, com o pagamento de seus superabundantes méritos.
Como, porém, este Senhor era tanto verdadeiro Deus como verdadeiro Homem, parece que a natureza humana ficaria agora devedora a Ele, se entre as puras criaturas não houvesse alguma que lhe pagasse tal dívida, o quanto fosse possível a elas, com a graça divina. Esta retribuição, foi a que lhe deu sua Mãe e nossa Rainha. Só Ela foi a secretária do grande conselho e o arquivo de seus mistérios e sacramentos. Só Ela os conheceu, avaliou e agradeceu tão dignamente,
quanto se pode exigir da natureza humana sem divindade.
Só Ela compensou e supriu nossa ingratidão e a pobreza e grosseria do agradecimento dos filhos de Adão. Só Ela soube e pôde apaziguar e satisfazer seu Filho do agravo que recebeu dos mortais, por não o terem recebido como seu Redentor e Mestre, nem por verdadeiro Deus feito homem para a salvação de todos.