Irmã venerável Maria de Ágreda (Espanha, 1602-1665). Obra: "Mística Cidade de Deus. Ed. Mosteiro Portaceli. 2011." [4º Tomo - 3ª Parte - 8º Livro - Cap. 21 - pág. 394:][Maria de Ágreda diz:] Cristo apresenta a alma de Maria no céu: 762.
Entrou no céu empíreo nosso Redentor Jesus, conduzindo à sua direita a alma puríssima de sua Mãe. Só Ela, entre todos os mortais, não teve matéria para o juízo particular, nem se lhe pediu contas. Assim lhe foi concedido, quando a fizeram isenta da culpa comum, eleita Rainha dispensada das leis a que estão sujeitos os filhos de Adão. Pela mesma razão, no juízo universal não será julgada como os outros, mas virá à direita de seu Filho santíssimo, participando no julgamento de todas as criaturas. No primeiro instante de sua Conceição, foi aurora claríssima e refulgente, retocada com os raios do sol da Divindade, acima das luzes dos mais ardentes serafins. Depois, elevou-se até tocar a própria Divindade, ao se tornar Mãe do Verbo encarnado, Cristo. Era, portanto, conseqüente, que por toda a eternidade fosse sua companheira, com a maior semelhança possível entre Filho e Mãe;
Ele Deus e Homem, e Ela pura criatura . Com este título, o Redentor apresentou-a ante o trono da Divindade. Em presença de todos os bem-aventurados, atentos a esta maravilha, a Humanidade santíssima disse ao eterno Pai: Meu eterno Pai, minha Mãe amantíssima, vossa Filha querida e Esposa mimoseada do Espírito Santo, vem receber a posse da coroa e glória que lhe preparamos, como recompensa de seus méritos. Nasceu entre os filhos de Adão, como rosa entre espinhos,
intacta, pura e formosa digna de que a recebamos em nossas mãos e no lugar onde não chegou nenhuma de nossas criaturas, nem podem chegar os concebidos em pecado.
É nossa escolhida, única e singular, a quem demos graça e participação em nossas perfeições, ultrapassando a norma comum às outras criaturas; nela depositamos os tesouros e dons de nossa incompreensível divindade, e ela, com a máxima fidelidade, os guardou e fez lucrar os talentos que lhe demos;
nunca se afastou de nossa vontade, achou graça (Lc 1, 30) e complacência a nossos olhos. Meu Pai, retíssimo é o tribunal de vossa misericórdia e justiça, e nele se pagam os serviços de nossos amigos, com superabundante recompensa. Justo é que à minha Mãe se dê o prêmio de Mãe; e se
em toda sua vida e obras foi semelhante a Mim, no grau possível à pura criatura, também o há de ser na glória; tenha lugar no trono de nossa Majestade para que, onde está a santidade por essência, esteja também a máxima santidade por participação.