Juliana de Norwich (Inglaterra, 1342-1416). Obra: "Revelações do Amor Divino. Ed. Paulus. 2018 — Coleção Clássicos do cristianismo."
[Capítulo 53 – pág. (pdf) 130:][Juliana de Norwich diz:] E desse modo entendi que a alma do homem é criada a partir do nada, isto é, é criada, mas de nada do que foi criado antes; assim, quando Deus criou o corpo do homem, tomou o barro da terra, que é matéria misturada e reunida de todas as coisas físicas, e disso fez o corpo do homem, mas para fazer a alma do homem, ele não tomou nada, apenas a criou.
E assim, a alma natural criada está realmente unida ao Criador, que é a substância natural não criada, isto é, Deus.
E, portanto, não pode haver, nem haverá, nada entre Deus e a alma do homem.
E nesse amor infinito, a alma do homem é mantida integral, como a revelação diz e mostra. Nesse amor infinito, somos conduzidos e mantidos por Deus e nunca nos perderemos, pois ele deseja que estejamos conscientes de que nossa alma é a vida, vida que, por sua bondade e graça, continuará a viver no céu eterno, amando-o, dando-lhe graças, louvando-o. E assim como nós mesmos não teremos fim, assim mesmo éramos como tesouros escondidos em Deus, conhecidos e amados desde sempre.
Por isso, ele deseja que entendamos que a coisa mais nobre que já fez é a humanidade, e a mais completa substância e a mais alta virtude é a alma abençoada de Cristo. Além disso, deseja que entendamos que a nobre alma de homem foi preciosamente ligada a ele na criação por um laço tão sutil e poderoso que a alma do homem é una com Deus, e, em tal união, é feita eternamente santa.
Ademais, deseja que saibamos que todas as almas que serão salvas eternamente no céu estão ligadas e unidas nessa união, e feitas santas nessa santidade.