Juliana de Norwich (Inglaterra, 1342-1416). Obra: "Revelações do Amor Divino. Ed. Paulus. 2018 — Coleção Clássicos do cristianismo."
[Capítulo 31 – Décima terceira revelação – pág. (pdf) 76:][Juliana de Norwich diz:] Considerando Cristo como a nossa cabeça, ele é glorificado e impassível; e em relação a seu corpo, porém, no qual todos os membros estão unidos, ele não está ainda totalmente glorificado, nem totalmente impassível. Portanto, o mesmo desejo e sede que ele tinha na cruz – aquele desejo, ânsia e sede, segundo minha visão, estavam nele desde o princípio –, tem agora e terá até o tempo em que a última alma a ser salva chegar a sua felicidade.
Pois, tão certo quanto em Deus há o atributo de compaixão e piedade, há nele o atributo de sede e desejo, e pela virtude desse desejo de Cristo, nós temos como desejá-lo de volta, sem o que nenhuma alma chega ao céu.
E esse atributo de desejo e sede vem da bondade infinita de Deus, assim como o atributo da piedade vem também de sua bondade infinita. E, embora o desejo e a piedade sejam dois atributos diferentes, segundo vejo, nisso reside o ponto da sede espiritual: desejar a ele enquanto estamos em necessidade, atraindo-nos a sua alegria. E tudo isso foi visto na visão de sua compaixão, pois essa cessará no Dia do Juízo. Assim, ele teve piedade e compaixão de nós, e teve desejo de nos ter, mas sua sabedoria e seu amor sofrem até vir o fim e, então, o melhor tempo.