Santa Catarina de Gênova (Itália, 1447-1510). Obra: "Tratado do Purgatório. Ed. Santa Cruz. 2019." [Pág. 29:]7. — Sendo isto assim,
como as almas do purgatório não tem culpa de pecado algum [porque a culpa foi perdoada no Sacramento da Confissão:], não existe entre elas e Deus outro impedimento que a pena do pecado, a qual retarda aquele instinto, e não lhe deixa chegar à perfeição. Pois bem, vendo as almas com absoluta certeza quanto importam até os mais mínimos impedimentos, e entendendo que por causa deles necessariamente se vê retardado com toda justiça aquele impulso,
daqui lhes nasce um fogo tão extremo, que vem a ser semelhante ao do inferno, mas sem a culpa. Esta é, a culpa, a que faz maligna a vontade dos condenados ao inferno, aos quais Deus não se comunica com sua bondade. E por isso elas permanecem naquela desesperada vontade maligna, contrários à vontade de Deus.
[Pág. 32:]E enquanto à culpa, aquelas almas permanecem tão puras como quando Deus as criou, já que saíram desta vida arrependidas de todos os pecados cometidos, e com vontade de nunca mais cometê-los. Com este arrependimento, Deus perdoa imediatamente a culpa, e assim não lhes resta senão a
ferrugem e a deformidade do pecado, as quais se purificam depois no fogo com a pena.
[Pág. 57 – COMENTÁRIOS DO EDITOR/TRADUTOR:]Síntese da Doutrina de Santa Catarina
[...] 2. ―
Ao purgatório vai a alma que carece [está ausente] já de culpa, mas que ainda não eliminou totalmente os maus vestígios deixados em seu ser pelo pecado. Estes, ao não estar suficientemente apagados nesta vida pela penitência, constituem a pena temporal que deve ser purgada, pois são o impedimento que retarda, que faz ainda impossível, a união com Deus no céu.
[Pág. 96 – COMENTÁRIOS DO EDITOR/TRADUTOR:]Para fazer penitência, temos de recordar aos pecadores que,
por muita que seja a misericórdia de Deus e por total que tenha sido a remissão de nossa culpa teremos de purificar-nos largamente no purgatório de todos aqueles vestígios de nossos pecados dos que não nos tenhamos purificado suficientemente neste mundo pela penitência.