Santa Catarina de Gênova (Itália, 1447-1510). Obra: "Tratado do Purgatório. Ed. Santa Cruz. 2019." [Pág. 30:]Inferno
8. — Aqui se vê claramente que
a vontade perversa enfrentada contra a vontade de Deus é a que constitui a culpa e, perseverando essa má vontade, persevera a culpa.
Os que estão no inferno saíram desta vida com a má vontade, e por isso sua culpa não foi perdoada, nem pode já sê-lo, pois uma vez saídos desta vida, já não pode mudar-se sua vontade. Com efeito, ao sair desta vida a alma fica fixa no bem ou no mal, segundo se encontra então sua livre vontade. Está escrito, “Ubi te invenero”, isto é, na hora da morte, segundo tenha a vontade no pecado ou arrependimento do pecado, “ibi te iudicabo" [onde eu te encontre, lá eu te julgarei; cf. aprox. Eclesiastes 11, 3[7]].
Este juízo é irrevogável, pois depois da morte já não há possibilidade de mudar a posição da liberdade, que ficou fixada tal como se achava no momento da morte.
Os do inferno, tendo sido achados no momento da morte com a vontade no pecado, tem consigo infinitamente a culpa, e também a Pena. E a pena que têm não é tanta como mereceriam, mas em todo caso é pena sem fim.
Os do purgatório, pelo contrário, tem só a pena, mas como estão já sem culpa, pois lhes foi cancelada pelo Arrependimento, têm uma pena finita, e que com o passar do tempo vai diminuindo, como já disse antes.