Santa Catarina de Gênova (Itália, 1447-1510). Obra: "Tratado do Purgatório. Ed. Santa Cruz. 2019." [Pág. 45:]Até o último centavo21. —
Se as almas do purgatório pudessem purificar-se apenas pela contrição, em um instante pagariam a totalidade de sua dívida. Com efeito, o ímpeto de sua contrição é grande, pela clara luz que lhes faz ver a importância daquele impedimento.
Mas este deve ser pago integralmente, e Deus não o condoa nem em uma mínima parte, pois assim está exigido por sua justiça.
[Pág. 48:]24. — Agora que vejo claramente estas coisas na luz divina, me vem um desejo ardente de gritar com um grito tão forte, que pudesse espantar a todos os homens do mundo, dizendo-lhes: Oh, miseráveis! Por que vos deixais cegar assim pelas coisas deste mundo, que para uma necessidade tão importante, como na que vos haveis de encontrar, não tomais previsão alguma?
Estais todos amparados sob a esperança da misericórdia de Deus, que já disse é tão grande; mas não vês que tanta bondade de Deus vai a tornar-vos juízo, por ter atuado contra sua vontade? Sua bondade deveria obrigar-vos a fazer tudo o que Ele quer,
mas não deve vos dar a esperança de cometer o mal impunemente. A justiça de Deus não pode falhar, e é preciso que seja satisfeita de um modo ou de outro plenamente.
Não te confies, pois, dizendo: eu me confessarei e conseguirei depois a indulgência plenária, e ao momento me verei purificado de todos meus pecados.
Pensa que esta confissão e contrição, que são precisas para receber a indulgência plenária, é coisa tão difícil de conseguir que, se o soubesses, tu tremerias com grande temor, e estarias mais certo de não a ter que de podê-la conseguir.