Tratado do Purgatório de Santa Catarina de Gênova. Ed. Santa Cruz. 2019 [Pág. 96/97:]Para exercitar a devida caridade para com os fiéis defuntos é necessário que a fé no purgatório esteja viva e operante. De outro modo, facilmente se pensa que, uma vez cumpridos com os doentes graves e agonizantes todos os deveres da caridade — noites em vela, gastos, remédios, auxílios morais, etc.—, uma vez mortos, “já nada se pode fazer por eles”; com o que não é raro que caiam no esquecimento. A fé cristã, pelo contrário, nos diz que podemos e devemos fazer muitíssimo em favor de nossos queridos fiéis defuntos. E se não fazemos mais por eles, não é somente porque nos falta a caridade, mas porque somos “homens de pouca fé” (Mt. 14, 31; Lc. 12, 28).
Antigamente o povo católico tinha mais piedade para com as almas do purgatório, porque tinha uma fé mais firme e esclarecida no purgatório e na validez dos sufrágios oferecidos pelos defuntos: rezava diariamente por eles, especialmente pelos familiares — o toque “de animas” nas paróquias —, e oferecia-se por eles com mais frequência Missas e penitências pessoais. Hoje se considera de mal gosto — muito “negativo” — pensar ou falar da morte, e facilmente deixamos a nossos fiéis defuntos sem os sufrágios que por eles deveríamos oferecer a Deus, e que por sua misericórdia são eficacíssimos.
A Igreja, sem embargo, não cessa de estimular-nos a rogar e a oferecer sacrifícios por eles. Concretamente, cada dia o faz no memento pelos defuntos.
Não deixemos, pois, de fazer agora por nossos fiéis defuntos o que, quando nós estivermos no purgatório, queremos que os fiéis vivos da terra façam por nós. E ainda mais, tenhamos verdadeira devoção pelos fiéis defuntos, que já estão confirmados na graça. Eles já chegaram à visão beatífica, à certeza da salvação, em Cristo Nosso Senhor. Nós, pelo contrário, ainda estamos a caminho para o Céu…