Concílio Ecumênico de Trento (anos 1545-1548/1551-1552/1562-1563)Sessão XIV – Cap. VIII – Da necessidade e fruto da Reparação.
Finalmente em relação à reparação dos pecados, que assim como tem ocorrido em todas as outras partes da Penitência, recomendaram os santos Padres em todos os tempos ao povo cristão, e também é a que principalmente impugnam em nossos dias os que mostrando aparência de piedade a renunciaram anteriormente, declara o Santo Concílio que é totalmente falso e contrário à Palavra Divina, que
Deus nunca perdoa a culpa sem que perdoe ao mesmo tempo toda a pena. Se acham certamente claros e ilustrativos exemplos na Sagrada Escritura com os quais, além da tradição Divina se refuta com máxima evidência aquele erro.
Igualmente é condizente com a clemência divina, que
não nos sejam perdoados os pecados sem que façamos algo em reparação dos mesmos, para que não utilizemos esse artifício, e persuadindo-nos que os pecados são mais leves, procedamos como injuriosos e insolentes contra o Espírito Santo, e caiamos em outros pecados muito mais graves, acumulando deste modo a indignação para o Dia da Ira.
Devem pois, os sacerdotes do Senhor, impor penitências saudáveis e oportunas conforme lhes dite seu espírito e prudência, segundo a qualidade dos pecados e disposição dos penitentes. Não ocorra porém que devido a estas palavras os sacerdotes olhem com muita condescendência para as culpas e procedam com muita suavidade com os penitentes, impondo-lhes uma reparação muito leve por delitos graves, e sejam partícipes dos pecados alheios. Tenham pois sempre à vista que a reparação que impuserem, não somente sirva para que se mantenham em vida nova e os cure de sua enfermidade espiritual, mas também para compensação e castigo dos pecados passados, pois os antigos Padres acreditam e ensinam que as chaves foram concedidas aos sacerdotes, não apenas para desatar, mas também para ligar.
Sessão XIV – Cânone XII –
Se alguém disser que Deus perdoa sempre a toda a pena juntamente com a culpa, e que a reparação dos penitentes não é mais que a fé com que aprendem que Jesus Cristo tenha reparado por eles, seja excomungado.
Sessão XIV – Cânone XIII –
Se alguém disser que de nenhum modo Deus estará satisfeito, pois em virtude dos méritos de nosso Senhor Jesus Cristo em relação à pena temporal correspondente aos pecados, com os trabalhos que Ele mesmo nos envia, e sofremos com resignação, ou com os que impõe o sacerdote, ou nem mesmo com aqueles que empreendemos voluntariamente, tais como
jejuns, orações, esmolas ou outras obras de piedade, e portanto, que a melhor penitência é apenas a nova vida, seja excomungado.