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Padre João A. MacDowell, S.J. Obra: Religião também se aprende. Volume 5. 2001. Ed. Santuário. Aparecida/SP. 130p.

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    Jesus mostrou que "Deus é amor”. Só a linguagem do amor ajuda a entender o mistério de Deus. Não devemos pensar em números nem em coisas, mas na relação entre pessoas. O amor é sempre dom e acolhimento, entrega mútua. Supõe, por isso, mais de uma pessoa: eu, tu e nós. Em Deus também é assim. Ele é pai porque, como amor, quer comunicar toda a sua vida ao outro que ama. Para poder amar, entrega inteiramente tudo o que ele é, gerando o Filho, igual a ele na divindade, mas distinto como um Filho é distinto do Pai. O Pai é a origem do Filho, mas não existe, como Pai, antes do Filho. Só é Pai porque gera o seu Filho, eternamente.
    Assim como o Pai é doação eterna da própria vida ao Filho, assim também o Filho é pura acolhida do dom do Pai. Nada tem que não receba do Pai. Ele é o retrato vivo do Pai. Só se distingue do Pai, porque um é o amor como dom de si mesmo, o outro o amor como acolhida do dom. Todo o ser do Filho é um sim de amor ao amor do Pai.
    Mas o Filho não pode ser amor, se também não se entrega inteiramente ao Pai e lhe restitui amorosamente tudo o que dele recebe. Nessa doação de todo o ser do Filho ao Pai surge eternamente o Espírito Santo. Ele é o fruto do amor mútuo entre o Pai e o Filho. Procede deles como numa espécie de respiração espiritual: o Filho aspira a vida do Pai e, expirando, devolve ao Pai o dom recebido. O Espírito Santo é o amor correspondido, o dom que retorna a seu autor. Com ele completa-se o círculo da vida trinitária de Deus.
    Como vê, a Trindade é um mistério de amor e comunhão: o amor de Deus que não pode viver sozinho, sem se comunicar, mas se realiza na doação mútua entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.



Obs.: As expressões no texto entre colchetes ou parêntesis destacadas na cor azul não fazem parte do original.