Padre Hélio Libardi. Obra: Religião também se aprende. Volume 6. 2001. Ed. Santuário. Aparecida/SP. 101p. 2ª edição PÁG. 26/27:
1. Quem salva é a Lei ou a Fé?
Para o judeu o cumprimento detalhado da Lei e de toda a Lei era o único meio de fazer com que Deus atendesse, ou se sentisse obrigado a atender, a recompensar a pessoa. A partir daí vinham as explicações para todas as coisas ruins que aconteciam: doenças, catástrofes e até a pobreza
Não cumprir a Lei nos detalhes era estar longe de Deus e só podia receber de Deus o castigo.
Era preciso cumprir os 613 mandamentos do que se devia ou não se devia fazer.
Parece que hoje a teologia de diversas Igrejas firma-se nesse fundamento para ler as doenças, os problemas e as catástrofes. Continuam ensinando que isso acontece porque desobedecemos a Deus ou fomos vítimas do demônio.
Em toda a teologia das Cartas, Paulo mostra sua experiência na descoberta de Deus que nos salva em Jesus. Ele morreu por todos, de modo que
tudo é dom gratuito de Deus e ninguém merece nada, porque Jesus deu a vida por puro amor, gratuitamente. Termina aqui a teoria do merecimento;
precisamos perceber que não é mais o cumprimento da Lei, mas a Fé traduzida nas obras que nascem do compromisso com Jesus que salva. Não se trata de compromisso com a Lei. Não se trata de merecer, porque é dom gratuito de Deus em Jesus;
as obras são uma resposta a esse amor, uma indicação de aceitação desse amor.
A Lei dá lugar à Fé em Jesus e tudo o que fazemos está cheio de reconhecimento e gratidão pelo dom que é Jesus.
O que nos salva agora é a Fé não-abstrata, ela se concretiza no compromisso com Jesus, compromisso manifestado pelas obras. Essa é a teologia da Carta aos Romanos e aos Gálatas.