Bíblia Ave Maria (Apocalipse 11:19;12:1-17) 11:19.Abriu-se o Templo de Deus no céu e apareceu, no seu templo,
a arca do seu testamento. Houve relâmpagos, vozes, trovões, terremotos e forte saraiva.
12:1.
Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas.
[Nota: 12,1. Uma mulher: essa mãe mística é a cidade de Deus, a Jerusalém celeste. A sinagoga, em sua madureza espiritual, dá à luz a Cristo e em seguida a Igreja dá à luz os cristãos. Os seus traços adaptam-se também a nossa Senhora, à Virgem Maria: nas dores de sua “compaixão” ela dá à luz os irmãos de Jesus que formam, unidos com ele, Cristo total]
2.Estava grávida e gritava de dores, sentindo as angústias de dar à luz.
3.Depois apareceu outro sinal no céu: um grande Dragão vermelho, com sete cabeças e dez chifres, e nas cabeças sete coroas.
4.Varria com sua cauda uma terça parte das estrelas do céu, e as atirou à terra. Esse Dragão deteve-se
diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de que, quando ela desse à luz, lhe devorasse o filho.
5.
Ela deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações pagãs com cetro de ferro. Mas seu Filho foi arrebatado para junto de Deus e do seu trono.
6.A Mulher fugiu então para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um retiro para aí ser sustentada por mil duzentos e sessenta dias.
7.Houve uma batalha no céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o Dragão. O Dragão e seus anjos travaram combate,
8.mas não prevaleceram. E já não houve lugar no céu para eles.
9.Foi então precipitado o grande Dragão, a primitiva Serpente, chamado Demônio e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Foi precipitado na terra, e com ele os seus anjos.
[Nota: 12,9. A Serpente: a mesma do Gênese que seduziu Eva no paraíso terrestre]
10.Eu ouvi no céu uma voz forte que dizia: “Agora chegou a salvação, o poder e a realeza de nosso Deus, assim como a autoridade de seu Cristo, porque foi precipitado o acusador de nossos irmãos, que os acusava, dia e noite, diante do nosso Deus.
11.Mas estes venceram-no por causa do sangue do Cordeiro e de seu eloquente testemunho. Desprezaram a vida até aceitar a morte.
12.Por isso alegrai-vos, ó céus, e todos que aí habitais. Mas, ó terra e mar, cuidado! Porque o Demônio desceu para vós, cheio de grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta”.
13.O Dragão, vendo que fora precipitado na terra, perseguiu a Mulher que dera à luz o Menino.
14.Mas à Mulher foram dadas duas asas de grande águia, a fim de voar para o deserto, para o lugar de seu retiro, onde é alimentada por um tempo, dois tempos e a metade de um tempo, fora do alcance da cabeça da Serpente.
[Nota: 12,14. Um tempo: os três anos e meio do v. 6]
15.A Serpente vomitou contra a Mulher um rio de água, para fazê-la submergir.
16.A terra, porém, acudiu à Mulher, abrindo a boca para engolir o rio que o Dragão vomitara.
17.Este, então, se irritou contra a Mulher e
foi fazer guerra ao resto de sua descendência, aos que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus.
[Nota: 12,17. A sua descendência: os irmãos de Jesus, todos os cristãos]
Scott Hahn. Obra: "O Banquete do Cordeiro - A missa segundo um convertido. Editora Cleófas. Edições Loyola. São Paulo. Brasil. 2014." (pág. 79/80) A visão de João começa com a abertura do templo de Deus no céu: "e a arca da aliança apareceu em seu templo" (Ap II, 19). Talvez não apreciemos plenamente o valor de choque desse versículo. A arca da aliança não tinha sido vista durante cinco séculos. No tempo do cativeiro babilónico, o profeta Jeremias havia escondido a arca em um lugar que "ficará desconhecido até que Deus haja consumado reunião do seu povo" (2Mc 2,7).Essa promessa se cumpre na visão de João. O Templo apareceu e "houve relâmpagos, vozes, trovões, um terremoto e forte tempestade de granizo" E então "um grande sinal apareceu no céu: uma mulher vestida de sol, a lua debaixo dos pés, e uma coroa de doze estrelas na cabeça; estava grávida" (Ap 12,1-2). João não introduziu a arca só para desistir dela imediatamente. Creio (com os Padres da Igreja) que quando João descreve a mulher ele descreve a arca — da nova aliança. E quem é a mulher? É aquela que dá à luz o filho varão que deve apascentar todas as nações. O menino é Jesus; sua mãe é Maria. [...] O que torna a nova arca santa! A antiga arca continha a palavra de Deus escrita na pedra; Maria trazia em seu seio a Palavra de Deus que se fez homem e habitou entre nós. A arca continha maná; Maria trazia o pão vivo descido do céu. A arca continha o bastão do sumo sacerdote Aarão; o seio de Maria continha o sumo sacerdote eterno, Jesus Cristo. No templo celeste, a Palavra de Deus é Jesus e a arca onde ele habita é Maria, sua mãe Se o menino é Jesus, então a mulher é Maria. Essa interpretação foi aprovada pelos mais racionais dos Padres da Igreja, santo Atanásio, santo Epifânio e muitos outros. Contudo, “a mulher" também representa mais. Ela é a "filha de Sião", que criou o Messias de Israel. É também a Igreja sitiada por Satanás, mas preservada em segurança. Como eu disse antes, as riquezas das Escrituras são infinitas. Outros biblistas argumentam que a mulher não é Maria pois, segundo a tradição católica, Maria não sofreu as dores do parto. Entretanto, as dores da mulher não têm de ser dores físicas. São Paulo, por exemplo, descreveu como dores de parto sua agonia até Cristo ser formado em seus discípulos (veja Gl 4,19). Assim, o que sofre a mulher pode ser descrito como sofrimento da alma — o que Maria conheceu perto da cruz, ao se tornar a mãe de todos os discípulos amados (veja Io 19,25-27). Outros alegam que a mulher do Apocalipse não é Maria porque a mulher do Apocalipse tem outros filhos, e a Igreja ensina que Maria foi sempre virgem. Mas as Escrituras usam com frequência "prole" (em grego, sperma) para descrever descendentes espirituais. Os filhos de Maria, sua prole espiritual, são "os que observam os mandamentos de Deus e guardam o testemunho de Jesus" (Ap 12,17). Somos a outra prole da mulher. Somos os filhos de Maria. Assim, o Apocalipse também retrata Maria como a "nova Eva", mãe de todos os viventes. No jardim do Éden, Deus prometeu pôr "hostilidade" entre Satanás, a antiga serpente, e Eva — e entre a "descendência" de Satanás e a dela (Gn 3,15). Agora, no Apocalipse, vemos o clímax dessa inimizade. A descendência da nova mulher, Maria, é o filho varão, Jesus Cristo, que vem derrotar a serpente (em hebraico, a mesma palavra, nahash, aplica-se ao dragão e à serpente). Esse é o admirável ensinamento dos Padres, Doutores, santos e papas da Igreja, antigos e modernos. É o ensinamento do Catecismo da Igreja Católica (veja o n. 1138). (pág. 80)
Scott Hahn. Obra: "Salve, Santa Rainha - A mãe de Deus na palavra de Deus. Ed. Cleófas. 2015." (pág. 49/50, 53, 56/57) Para os judeus do primeiro século, o choque do Apocalipse foi certamente o relato de João no final do capítulo 11. É aí então que, após ouvir os toques das sete trombetas, João vê o templo no céu aberto (Ap 11,19) e, dentro dele, um milagre! —
a Arca da Aliança.”
[pág. 47]“Assim, os efeitos especiais do final do capítulo 11 serviram como um prelúdio imediato para a imagem que, agora, aparece no capítulo 12. Podemos ler essas linhas juntas como que descrevendo um único evento
[porque, no texto original, não havia separação em capítulos]: "Abriu-se o templo de Deus no céu e apareceu, no seu templo,
a arca da sua aliança [...]. Apareceu em seguida um grande sinal no céu:
uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Estava grávida e gritava de dores, sentindo as angústias de dar à luz" (Ap 11, 19-12, 1-2).
João nos mostra a Arca da Aliança... e é uma mulher.
[pág. 49/50]A primeira pista é que João, tanto no Apocalipse quanto no Evangelho, nunca revela o nome dessa pessoa; refere-se a ela apenas pelo nome que Adão deu a Eva no paraíso: ela é "mulher". No mesmo capítulo do Apocalipse, um pouco adiante, aprendemos que, como Eva era a "mãe de todos os viventes" (Gn 3,20), assim também a mulher da visão de João é mãe não simplesmente do "menino" mas de todo "o resto de sua descendência", mais semelhantes "àqueles que guardam os mandamentos de Deus e dão testemunho de Jesus" (Ap 12,17). Sua prole, então, são todos aqueles que têm nova vida em Jesus Cristo. A nova Eva cumpre a antiga promessa de modo perfeito, a mãe de todos os viventes.
[...] Claramente, João pretende relacionar Eva, a mãe de todos os viventes, com a mulher do Apocalipse, a nova Eva, a pessoa que ele identifica como "mulher" no Evangelho.
[pág. 53]No entanto, por que Lucas é tão profundo nesses acontecimentos? Por que não Somente dizer que a Virgem Santíssima é um tipo bíblico ou o cumprimento da arca? O cardeal Newman abordou essa questão de uma forma interessante: "Às vezes, nos perguntam por que os escritores sagrados não mencionaram a grandeza de Nossa Senhora? Eu respondo, ela estava ou poderia ainda estar viva, quando os Apóstolos e Evangelistas escreveram sobre ela. Havia um único livro da Escritura que, com certeza, foi escrito depois de sua morte e este livro (o Apocalipse) o fez, posso assim dizer, canonizando-a e coroando-a". Será que Lucas, com seu jeito calmo, foi apresentando Maria para ser a Arca da Aliança? A prova é muito evidente para explicar a credibilidade de outra forma.
[pág. 56/57]
Roberto Andrade Tannus. Obra "Conhecendo Melhor a Fé Católica. Ed. Gólgota. 8ª edição. Goiânia, 2018. 190p." [pág. 132/134:]São João, que segundo a Tradição, escreveu o Livro do Apocalipse por um arrebatamento (Ap 1,10), descreve que a Arca da Aliança do Antigo Testamento foi levada ao céu. Em seguida, São Joao descreve a Nova Arca da Aliança, também no céu:
Abriu-se o templo de Deus no céu e apareceu, no seu templo, a arca do seu testamento...
Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma
coroa de doze estrelas. Estava grávida... (Ap 11,19-12,1-2)
A primeira Arca era revestida de ouro. A nova Arca da Aliança é revestida do sol, que é Deus. Os exegetas católicos veem no capítulo 12 do Apocalipse a Mulher que representa a Jerusalém Celeste. A Igreja primitiva, a Sinagoga, dá à luz Cristo e em seguida a Igreja dá à luz os cristãos. No entanto,
os traços da Mulher adaptam-se perfeitamente à Virgem Maria: nas dores de sua “compaixão” ela dá luz os irmãos de Jesus, que somos todos nós.
A Virgem vai para o deserto (Ap 12,6), um lugar onde se vive espiritualmente apartado do mundo e onde se alimenta da Palavra de Deus (o Paraíso). É por isso que podemos entender perfeitamente o versículo 17, onde descreve que Satanás foi fazer guerra aos descendentes da Mulher, isto é, a nós que assumimos Maria Santíssima como Mãe, nós que contamos com sua intercessão, somos perseguidos por guardar e testemunhar os mandamentos de Deus.
Maria é citada nos Evangelhos sempre através da palavra “Mulher”, por que segundo a Escritura, Maria é a Mulher que foi elevada ao maior grau de honra possível: Filha predileta do Pai, Mãe do Senhor (Lc 1,43) e esposa do Espírito Santo (Lc 1,35). Ela é a Mulher que antecipa a hora dos milagres (Jo 2) e é a Mulher que ficou em pé diante da cruz (Jo 19,25). Por isso, Jesus entrega Sua Mãe ao discípulo fiel:
Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis ai o teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Eis aí tua mãe”. E dessa hora em diante o discípulo a levou para sua casa. (Jo 19,26-27)
João, o discípulo fiel, representa Obed, o servo de Deus fiel que guardou a Arca do Testamento (2Sm 6).
Lembremo-nos que aonde a Arca da Aliança entrava ela abençoava aquela casa. Se quisermos ter a nossa casa abençoada (somos uma casa aonde habita Deus — 1Cor 3,16) precisamos receber a Nova Arca da Aliança em nossa casa, isto, Maria em nosso coração.
Sempre que Jesus se dirigia a Maria em público Ele a chamava de "Mulher" — com isso Jesus não queria desonrar sua Mãe. Pelo contrário, estava enaltecendo o seu papel de nova Eva, a Mulher prometida por Deus que pisaria a cabeça da Serpente (Gn 3,15).