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Bíblia Ave Maria (1Coríntios 8:4-7)

4.Assim, pois, quanto ao comer das carnes imoladas aos ídolos, sabemos que não existem realmente ídolos no mundo e que não há outro Deus, senão um só. 5.Pretende-se, é verdade, que existam outros deu­ses, quer no céu quer na terra (e há um bom número desses deuses e senhores). 6.Mas, para nós, há um só Deus, o Pai, do qual procedem todas as coisas e para o qual existimos, e um só Senhor, Jesus Cristo, por quem todas as coisas existem e nós também. 7.Todavia, nem todos têm esse conhecimento. Alguns, habituados ao modo antigo de considerar o ídolo, comem a carne como sacrificada ao ídolo; e sua consciência, por ser débil, se mancha.

Catecismo da Igreja Católica

Item 201. A Israel, seu povo eleito, Deus revelou-Se como sendo único: «Escuta, Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças» (Dt 6, 4-5). Por meio dos profetas, Deus faz apelo a Israel e a todas as nações para que se voltem para Ele, o Único: «Voltai-vos para Mim, e sereis salvos, todos os confins da terra, porque Eu sou Deus e não há outro [...] Diante de Mim se hão-de dobrar todos os joelhos, em Meu nome hão-de jurar todas as línguas. E dirão: "Só no Senhor existem a justiça e o poder"» (Is 45, 22-24) (3). 202. O próprio Jesus confirma que Deus é «o único Senhor», e que é necessário amá-Lo «com todo o coração, com toda a alma, com todo o entendimento e com todas as forças» (4). Ao mesmo tempo, dá a entender que Ele próprio é «o Senhor» (5). Confessar que «Jesus é o Senhor» é próprio da fé cristã. Isso não vai contra a fé num Deus Único. Do mesmo modo, crer no Espírito Santo, «que é Senhor e dá a Vida», não introduz qualquer espécie de divisão no Deus único: «Nós acreditamos com firmeza e afirmamos simplesmente que há um só Deus verdadeiro, imenso e imutável, incompreensível, todo-poderoso e inefável. Pai e Filho e Espírito Santo: três Pessoas, mas uma só essência, uma só substância ou natureza absolutamente simples» (6). [...] 233. Os cristãos são batizados «em nome» do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e não «nos nomes» deles porque não há senão um só Deus - o Pai Omnipotente, o Seu Filho Unigênito e o Espírito Santo: a Santíssima Trindade. [...] 243. Antes da sua Páscoa, Jesus anuncia o envio de um «outro Paráclito»(Defensor), o Espírito Santo. Agindo desde a criação (46) e tendo outrora «falado pelos profetas» (47), o Espírito Santo estará agora junto dos discípulos, e neles (48), para os ensinar (49) e os guiar «para a verdade total» (Jo 16, 13). E, assim, o Espírito Santo é revelado como uma outra pessoa divina, em relação a Jesus e ao Pai. 244. A origem eterna do Espírito revela-se na sua missão temporal. O Espírito Santo é enviado aos Apóstolos e à Igreja, tanto pelo Pai, em nome do Filho, como pessoalmente pelo Filho, depois do seu regresso ao Pai (50). O envio da pessoa do Espírito, após a glorificação de Jesus (51) revela em plenitude o mistério da Santíssima Trindade. 245. A fé apostólica relativamente ao Espírito foi confessada pelo segundo concilio ecumênico, reunido em Constantinopla em 381: «Nós acreditamos no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai» (52). A Igreja reconhece assim o Pai como «a fonte e a origem de toda a Divindade» (53). Mas a origem eterna do Espírito Santo não está desligada da do Filho: «O Espírito Santo, que é a terceira pessoa da Trindade, é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho, da mesma substância e também da mesma natureza... Contudo, não dizemos que Ele é somente o Espírito do Pai, mas, ao mesmo tempo, o Espírito do Pai e do Filho»(54). O Credo do Concílio de Constantinopla da Igreja confessa que Ele, «com o Pai e o Filho, é adorado e glorificado» (55). 246. A tradição latina do Credo confessa que o Espírito «procede do Pai e do Filho (Filioque)». O Concílio de Florença, em 1438, explicita: «O Espírito Santo [...] recebe a sua essência e o seu ser ao mesmo tempo do Pai e do Filho, e procede eternamente de um e do outro como dum só Princípio e por uma só espiração [...] E porque tudo o que é do Pai, o próprio Pai o deu ao seu Filho Unigênito, gerando-O, com excepção do seu ser Pai, esta mesma procedência do Espírito Santo, a partir do Filho, Ele a tem eternamente do seu Pai, que eternamente O gerou» (56). [...] 248. A tradição oriental exprime, antes de mais, o caráter de origem primeira do Pai em relação ao Espírito. Ao confessar o Espírito como «saído do Pai» (Jo 15, 26), afirma que Ele procede do Pai pelo Filho (58). A tradição ocidental exprime, sobretudo, a comunhão consubstancial entre o Pai e o Filho, ao dizer que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho (Filioque). E di-lo «de maneira legítima e razoável» (59), «porque a ordem eterna das pessoas divinas na sua comunhão consubstancial implica que o Pai seja a origem primeira do Espírito, enquanto «princípio sem princípio» (60), mas também que, enquanto Pai do Filho Único, seja com Ele «o princípio único de que procede o Espírito Santo» (61). Esta legítima complementaridade, se não for exagerada, não afeta a identidade da fé na realidade do mesmo mistério confessado. [...] "Item 253. A Trindade é una. Nós não confessamos três deuses, mas um só Deus em três pessoas: «a Trindade consubstancial» (64). As pessoas divinas não dividem entre Si a divindade única: cada uma delas é Deus por inteiro: «O Pai é aquilo mesmo que o Filho, o Filho aquilo mesmo que o Pai, o Pai e o Filho aquilo mesmo que o Espírito Santo, ou seja, um único Deus por natureza» (65). «Cada uma das três pessoas é esta realidade, quer dizer, a substância, a essência ou a natureza divina» (66). 254. As pessoas divinas são realmente distintas entre Si. «Deus é um só, mas não solitário» (67). «Pai», «Filho», «Espírito Santo» não são meros nomes que designam modalidades do ser divino, porque são realmente distintos entre Si. «Aquele que é o Filho não é o Pai e Aquele que é o Pai não é o Filho, nem o Espírito Santo é Aquele que é o Pai ou o Filho» (68). São distintos entre Si pelas suas relações de origem: «O Pai gera, o Filho é gerado, o Espírito Santo procede»(69). A unidade divina é trina. [...] 255. As pessoas divinas são relativas umas às outras. Uma vez que não divide a unidade divina, a distinção real das pessoas entre Si reside unicamente nas relações que as referenciam umas às outras: «Nos nomes relativos das pessoas, o Pai é referido ao Filho, o Filho ao Pai, o Espírito Santo a ambos. Quando falamos destas três pessoas, considerando as relações respectivas, cremos, todavia, numa só natureza ou substância» (70). Com efeito, «n"Eles tudo é um, onde não há a oposição da relação» (71). «Por causa desta unidade, o Pai está todo no Filho e todo no Espírito Santo: o Filho está todo no Pai e todo no Espírito Santo: o Espírito Santo está todo no Pai e todo no Filho»(72). [...] 261. O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. Só Deus pode dar-nos o seu conhecimento, revelando-Se como Pai, Filho e Espírito Santo. 262. A Encarnação do Filho de Deus revela que Deus é o Pai eterno, e que o Filho é consubstancial ao Pai, quer dizer que n"Ele e com Ele é o mesmo e único Deus. 263. A missão do Espírito Santo, enviado pelo Pai em nome do Filho (84) e pelo Filho «de junto do Pai» (Jo 15, 26), revela que Ele é, com Eles, o mesmo e único Deus. «Com o Pai e o Filho é adorado e glorificado» (85). 264. «O Espírito Santo procede do Pai enquanto fonte primeira; e, pelo dom eterno do Pai ao Filho, procede do Pai e do Filho em comunhão» (86)."

Compêndio da Doutrina Social da Igreja

34 A revelação em Cristo do mistério de Deus como Amor trinitário é também a revelação da vocação da pessoa humana ao amor. Tal revelação ilumina a dignidade e a liberdade pessoal do homem e da mulher, bem como a intrínseca sociabilidade humana em toda a profundidade: «Ser pessoa à imagem e semelhança de Deus comporta ... um existir em relação, em referência ao outro “eu” » [36] , porque Deus mesmo, uno e trino, é comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Na comunhão de amor que é Deus, em que as três Pessoas divinas se amam reciprocamente e são o Único Deus, a pessoa humana é chamada a descobrir a origem e a meta da sua existência e da história. Os Padres Conciliares, na Constituição Pastoral «Gaudium et spes», ensinam que «quando o Senhor Jesus pede ao Pai que “todos sejam um..., como nós também somos um” (Jo 17, 21-22), abrindo perspectivas inacessíveis à razão humana, acena a uma certa semelhança entre a união das Pessoas divinas e a união dos filhos de Deus, na verdade e na caridade. Esta semelhança mostra que o homem, única criatura na terra que Deus quis por si mesma, não pode realizar-se plenamente senão pelo dom sincero de si mesmo (cf. Lc 17, 33)» [37] .

Atenágoras de Atenas (Grécia, ano 177 d.C). Obra: "Petição em favor dos cristãos, in Patrística: Padres Apologistas. Vol. 2. Ed. Paulus. São Paulo. 1995. 311p."

“E com ele concorda Sófocles. "Um, em verdade, um só é Deus, que fabricou o céu e a vasta terra". Com isso ele ensina sobre a natureza de Deus, que enche o universo com a sua beleza, e não só onde deve estar Deus, mas também que deve ser necessariamente uno. Também Filolao, ao afirmar que Deus fechou tudo como em uma prisão, demonstra que Deus é uno e que está acima da matéria.” [pág. 126)

“Platão, portanto, diz o seguinte: "Ao Criador e Pai de todo o universo não só é difícil encontrá-lo, mas, uma vez encontrado, é difícil manifestá-lo a todos", dando a entender que o Deus incriado e eterno é um. É certo que ele conhece outros, como o sol, a lua e as estrelas, mas conhece-os como seres criados: deuses de deuses, de que eu sou o artífice, e pai de obras que, se eu não quiser, não são desatáveis, pois tudo o que é atado é desatável". Portanto, se Platão não é ateu, por entender que o artífice do universo é um só Deus incriado, muito menos o somos nós, por saber e afirmar o Deus, por cujo Verbo tudo foi fabricado e por cujo Espírito tudo é mantido.Aristóteles e sua escola, que introduzem um só Deus como uma espécie de animal composto, dizem que Deus é composto de alma e corpo e consideram como seu corpo o éter, as estrelas errantes e a esfera das estrelas fixas, tudo movido circularmente; e consideram a alma como a inteligência que dirige o movimento do corpo, sem que ela própria se mova, sendo ela, em troca, a causa do movimento. Quanto aos estoicos, embora nos nomes multipliquem o divino nas denominações que lhe dão, conforme as mudanças da matéria, na realidade consideram Deus como uno. Com efeito, se Deus é o fogo artificioso, que marcha por um caminho para a geração do mundo e compreende em si todas as razões seminais, segundo as quais tudo se produz conforme o destino, e se o espírito de Deus penetra o mundo inteiro, Deus é uno, segundo eles; e chama-se Zeus, se olha o fervor da matéria, ou Hera, se o ar; e daí por diante, conforme cada parte de matéria, por onde penetra abrir para o § 7. De qualquer forma, tratando dos princípios do universo, todos geralmente, até contra a sua vontade, estão de acordo em que o divino é uno, e nós afirmamos que quem ordenou todo o universo, esse é Deus. Portanto, qual é o motivo pelo qual se permite que uns possam dizer e escrever livremente sobre Deus, conforme queiram, e, por outro lado, haja uma lei estabelecida contra nós, justamente nós, que podemos estabelecer por sinais e razões de verdade o que entendemos e retamente cremos, isto é, que Deus é uno? Com efeito, os poetas e filósofos, aqui como em outros lugares, procederam por conjecturas, movidos conforme a simpatia do sopro de Deus, cada um por sua própria alma, a buscar se era possível encontrar e compreender a verdade. E só conseguiram entender, mas não encontrar o ser, pois não se dignaram aprender de Deus sobre Deus, mas cada um de si mesmo. Então, cada um dogmatizou a seu modo, não só a respeito de Deus, mas sobre a matéria, as formas e o mundo.” [pág. 127/128)

”Deus, porém, é incriado, impassível e indivisível. Portanto, não é composto de partes.” [pág. 129)


Santo Ireneu, Bispo de Lião (140-200 d.C.). Obra: "Patrística: Padres Apologistas. Vol. 4. Ed. Paulus. São Paulo. 1995. 624p." (pág. 21)

O Pai é criador e único. Contrariamente aos gnósticos, Ireneu reafirma que o Deus Transcendente não é senão o mesmo e único criador e que se foi revelando na história inclusive mediante seu Verbo e Senhor nosso Jesus Cristo — feito homem para unir o homem a Deus.”

Santa Catarina de Sena (Itália, 1347-1380). Obra: "O Diálogo. Editora Paulus. 1ª edição. 14ª impressão. 2015. São Paulo. 409p." (pág. 133, 229/230)

[Resposta de Deus à Santa Catarina:] “Quando o apóstolo Filipe lhe pediu: "Mostra-nos o Pai e isto nos basta" (Jo 14,8), respondeu [Jesus]: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9). Disse assim, porque é um comigo. O que ele é, recebeu de mim. Em tal sentido, ensinava aos judeus: "Minha doutrina não é minha, mas do Pai que me enviou" (Jo 7,17). É que o Filho procede de mim; não o contrário! Sou um com ele e ele comigo. Por isso não falou: "Manifestarei o Pai", mas “eu manifestar-me-ei”. Em segundo lugar, porque ao manifestar-se a vós nada mais fazia que mostrar quanto recebera de mim, como que dizendo: "O Pai se manifestou em mim, porque sou um com ele; por meio de mim, nós dois nos revelamos". Em terceiro lugar porque, sendo eu invisível, não posso ser visto por vós neste mundo. Quando vossa alma se separar do corpo, espiritualmente vereis a mim e ao Verbo até à ressurreição final. Já o disse ao tratar da ressurreição. Tal qual sou, não podeis ver-me. Para vos ajudar, escondi a divindade sob o véu da natureza humana em Cristo. Invisível, tornei-me como que acessível aos vossos olhos. Cristo me manifesta. Por isso não dizia: "Eu manifestarei o Pai", mas: "Eu manifestar-me-ei a vós", como que para significar: “Eu manifesto-me a vós de acordo com quanto o Pai me deu". Como percebes, meu Filho se manifesta ao me revelar. Não dizia: "Eu vos manifestarei o Pai", porque vós, no corpo mortal, não sois capazes de ver-me; além disso, porque ele e eu somos uma só coisa.” [pág. 133]

“O corpo (eucarístico) do meu Filho é um sol; constitui uma só coisa comigo, que sou o sol. Impossível nossa separação, como acontece no sol, no qual o calor não pode ser dissociado da luz, e a luz da claridade. O sol também ilumina toda a terra sem deixar sua esfera celeste, aquecendo os seres que se expõem aos seus raios; nem se mancha a sua luz na imundície. Pois bem, o mesmo acontece com o sol-eucaristia — todo-Homem e todo-Deus. Meu Filho é um comigo; meu poder não existe separado de sua sabedoria, da mesma forma que o fogo do Espírito Santo não pode ser dissociado de mim e do Filho. O Espírito Santo é um conosco, pois procede de mim e do Filho. Somos um único e mesmo sol. Eu, Pai eterno, sou o sol donde saíram o Filho e o Espírito Santo Ao Espírito Santo apropria-se o nome de fogo; ao Filho, o de sabedoria.” [pág. 229/230]


C.S.Lewis (Reino Unido, 1898-1963). Obra: "Cristianismo puro e simples. 3ª edição, 2009."

“No nível divino, ainda existem personalidades; nele, porém, as encontramos combinadas de maneiras novas, maneiras que nós, que não vivemos nesse nível, não podemos imaginar. Na dimensão de Deus, por assim dizer, encontramos um Ser que são três pessoas sem deixar de ser um único Ser, da mesma forma que um cubo são seis quadrados sem deixar de ser um único cubo. É claro que não conseguimos conceber plenamente um Ser como esse.” [pág. 216]

“Pessoas de todos os tipos gostam de repetir a afirmação cristã de que "Deus é amor". Elas não se dão conta de que essas palavras só podem significar alguma coisa se Deus contiver pelo menos duas pessoas. O amor é algo que uma pessoa sente por outra. Se Deus fosse uma única pessoa, não poderia ter sido amor antes da criação do mundo. [...] Aliás, talvez seja essa a diferença fundamental entre o cristianismo e todas as outras religiões: no cristianismo, Deus não é um ente estático – nem mesmo uma pessoa estática -, mas uma atividade pulsante e dinâmica; é uma vida dotada de grande complexidade interna. É quase – por favor, não me julguem irreverente – como uma dança. A união entre o Pai e o Filho é algo tão vivo e concreto que ela mesma é também uma pessoa. [...] Aquilo que nasce da vida conjunta do Pai e do Filho é uma pessoa real; é, com efeito, a terceira pessoa das três pessoas de Deus. Essa Terceira Pessoa é chamada, em linguagem técnica, de Espírito Santo ou "Espírito de Deus"”. [pág. 231/233]

Frank J. Sheed (Austrália, 1897-1982). Obra: "Um mapa para a vida: uma explicação simples da fé católica. Editora Quadrante. São Paulo. 2016. 137p."

Inevitavelmente, quando falamos da natureza de Deus, tem de haver mistério: Ele é o Infinito, o Incomensurável, o Ilimitado, ao passo que nós somos finitos, mensuráveis, limitados em todos os aspectos. É impossível que a nossa inteligência abarque e compreenda a Deus. [...] A dificuldade que temos com o mistério é que se apresenta à nossa inteligência como uma contradição aparente. Por exemplo, o mistério da Trindade afirma que há três Pessoas, todas elas Deus, mas não há três deuses. O mistério da transubstanciação afirma que o Pão eucarístico que vemos é, na realidade, o Corpo de Cristo. Em relação aos outros mistérios acontece a mesma coisa.” [pág. 76]

“O máximo mistério revelado por Jesus Cristo é o que diz que em Deus há três Pessoas distintas. Não há mistério superior a este, pois se refere ao aspecto mais íntimo da vida de Deus. [...] ...a distinção de Pessoas divinas realmente afeta diretamente a vida do ser humano, pois foi a Segunda Pessoa e não Deus Trino que se fez um de nós para nos salvar.” [pág. 79]

Cada uma das três Pessoas conhece com a mesma inteligência e ama com a mesma vontade, pois não há mais do que uma natureza divina. Portanto, não há três deuses, somente um. A Revelação cristã não faz a mínima concessão ao politeísmo. As três Pessoas, ainda que sejam diferentes, não estão separadas. O Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus. Mas o Pai não é o Filho, nem o Filho é o Espírito Santo, nem o Espírito Santo é o Pai. Que diferença pode haver entre três Pessoas diferentes que possuem inteiramente, cada uma delas, a mesma natureza? A diferença consiste nas suas relações mútuas. Que relações são estas? Os Evangelhos empregam dois termos quando falam da relação entre a Primeira e a Segunda Pessoa: a Segunda Pessoa é o Filho, e é a Palavra, o Verbo.” [pág. 81]

“A relação de «paternidade» na divindade não é como a paternidade humana. Pelo contrário, a humana é somente uma sombra da paternidade absoluta da Primeira Pessoa da Santíssima Trindade. [...] O tempo não faz parte desta relação. O ser humano, por ser finito, não pode gerar um filho antes sem ter chegado a certo desenvolvimento. Um ser infinito, para quem o tempo não existe, não precisa esperar. Por isso podemos dizer que Deus Pai gera eternamente a Deus Filho, o qual é, portanto, coeterno com o Pai e igual ao Pai, pois também tem a natureza divina.” [pág. 82]

“Consequentemente, a noção de Verbo nos mostra a Segunda Pessoa: ela é a Imagem perfeitamente adequada da Primeira Pessoa.” [pág. 83]

“O mesmo sucede com o amor de Deus para consigo mesmo, isto é, o Filho ama o Pai com o mesmo amor com que o Pai ama o Filho. A «concretização» do ato de amor — como a do ato de pensar — é subsistente e é Pessoa, a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, o Espírito Santo. [...] ...o Espírito Santo é a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, coeterna com o Pai e o Filho e igual a Eles.” [pág. 84]

Coleção Os Pensadores: Pré-Socráticos. Ed. Nova Cultural. São Paulo, 1999. 320p. (pág. 146)

Zenão de Eléia:Em seguida, é demonstrada a unidade de Deus: “Se Deus é o mais poderoso de tudo, então lhe é próprio que seja um; pois, na medida em que dele houvesse dois ou ainda mais, ele não teria poder sobre eles; mas enquanto lhe faltasse o poder sobre os outros não seria Deus. Se, portanto, houvesse mais deuses, eles seriam mais poderosos e mais fracos um em face do outro; não seriam, por conseguinte, deuses; pois faz parte da natureza de Deus não ter acima de si nada mais poderoso; pois o igual não é nem pior nem melhor que o igual — ou não se distingue dele. Se, portanto, Deus é e se ele é de tal natureza, então só há um Deus; não seria capaz de tudo o que quisesse, se houvesse mais deuses”. “Sendo um, é em toda parte igual, ouve, vê e possui também, em toda parte, os outros sentimentos; pois, não fosse assim, as partes de Deus dominariam uma sobre a outra, o que é impossível (uma estaria onde a outra não está, reprimi-la-ia, uma parte teria determinações que faltariam às outras)”.



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