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Carta de Inácio aos Erminiotas (68-107 d.C.). Obra: "Patrística: Padres Apostólicos. São Paulo. Ed. Paulus. 1995." [catecismo primitivo] (pág. 115/116)

“Ele foi realmente pregado por nós em sua carne, sob Pôncio Pilatos e o tetrarca Herodes. É graças a esse fruto, à sua divina e feliz paixão que nós existimos, a fim de erguer para sempre um estandarte pela ressurreição para os seus santos e fiéis, tanto judeus como pagãos, no corpo único da sua Igreja. Ele sofreu tudo isso por nós, para que sejamos salvos. E ele sofreu realmente, assim como ressuscitou verdadeiramente. Não sofreu, apenas na aparência. Assim como pensam, para eles acontecerá serem sem corpos e semelhantes a espíritos.”

Carta de Inácio aos Tralianos (68-107 d.C.). Obra: "Patrística: Padres Apostólicos. São Paulo. Ed. Paulus. 1995." [catecismo primitivo] (pág. 101)

“Como dizem alguns desses ateus, isto é, infiéis, se Jesus sofreu apenas em aparência – então, por que estou acorrentado? Por que desejar a luta contra as feras? Então, estou mentindo contra o Senhor.”

Ensinamento de Santo Ireneu, bispo de Lião (140-200 d.C.). Obra: "Patrística: Padres Apologistas. Vol. 4. Ed. Paulus. São Paulo. 1995. 624p." (pág. 333/334)

Contra as Heresias: Doutrina Cristã (175-189 d.C.) “O mesmo vale para os que dizem que ele sofreu só aparentemente. Com efeito, se não sofreu realmente, não se lhe deve nenhuma gratidão, porque não houve nenhuma paixão; e quando nós teremos que sofrer realmente, nos parecerá impostor a aconselhar que se ofereça a outra face a quem nos esbofeteia, quando ele não foi capaz de sofrer isto primeiro; e como enganou os homens de então, apresentando-se por aquilo que não era, engana também a nós, exortando-nos a suportar o que ele próprio não suportou. Seríamos superiores ao Mestre quando sofrermos e suportarmos o que ele não sofreu, nem suportou. Mas como nosso Senhor é o único e verdadeiro Mestre, o Filho de Deus, verdadeiramente bom, suportou o sofrimento, ele, o Verbo de Deus, feito Filho do homem. Ele lutou e venceu: era o homem que combatia pelos pais, pagando a desobediência pela obediência; amarrou o forte e libertou o fraco e deu a salvação à obra modelada por ele, destruindo o pecado. Porque o Senhor é cheio de misericórdia e compaixão e ama o gênero humano.”

Santa Catarina de Sena (Itália, 1347-1380). Obra: "O Diálogo. Editora Paulus. 1ª edição. 14ª impressão. 2015. São Paulo. 409p." (pág. 89)

Resposta de Deus à Santa Catarina: “Nem foi um anjo a lhes revelar a mensagem da Verdade, de modo que pudessem escusar-se, dizendo: "O anjo é um espírito feliz, não padece, não sente as fraquezas da carne como nós ou o peso do corpo". Não, não podem falar assim, pois enviei-lhes o Filho, homem mortal como vós.”

Irmã Lúcia (Portugal, 1907-2005). Obra "Apelos da Mensagem de Fátima. Editora Secretariado dos Pastorinhos. 4ª edição (em português de Portugal). 2007. Fátima-Portugal. 300p."

Ensinamento da Irmã Lúcia: “Jesus Cristo é ainda nosso modelo como vítima, sacrificada em obediência à vontade do Pai, pela redenção do mundo. Vemos esta obediência, na oração que dirigiu a Seu Pai no Horto das Oliveiras: «Meu Pai, se é possível passe de Mim este cálice; todavia não seja como Eu quero, mas como Tu queres» (Mt 26,39). Como sucede conosco, também à natureza humana de Jesus repugnava o sofrimento, a humilhação e a morte, mas Ele antepôs a obediência à vontade de Deus à repugnância da própria natureza: Não seja como Eu quero, mas como Tu queres. A perspectiva do sofrimento causou a Jesus Cristo pavor e angústia, a ponto de dizer aos Seus Apóstolos: «A minha alma está numa tristeza de morte» (Mc 14,34), mas nem por isso deixou de obedecer: «Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-se a Tua vontade» (Mt26,42). Se a obediência nada tivesse de custoso, que mérito teríamos em obedecer? É quando ela nos pede sacrifício que provamos a Deus o nosso amor.” [pág. 189/190]“De novo, pela segunda vez, foi orar, dizendo: "Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-se a Tua vontade» (Mt26, 36-42). Aqui, como em todos os outros passos da Sua vida, Jesus Cristo é para nós um modelo que devemos seguir e procurar imitar. Apesar de ser Deus e, como tal, ter ao Seu dispor toda a graça e força, Ele era também verdadeiro homem; e quis preparar-Se na oração, para submeter a sua vontade humana à vontade do Pai, que precisava d¨Ele como vítima expiatória pelos pecados da humanidade. À natureza humana de Jesus Cristo, o sofrimento, a humilhação e a morte repugnam, como a todos nós, porque são o castigo do pecado; pecado que Ele não cometeu, mas quis pagar por nós. E assim passou longo tempo em oração, repetindo: «Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice; não se faça, contudo, a minha vontade, mas a Tua. [...] Cheio de angústia, põe-Se a orar mais instantemente, e o suor tornou-se-Lhe como grossas gotas de sangue, que caíam na terra» (LC 22,42.44).” [pág. 283/284]

Augusto Cury (Brasil, 1958-X). Obra: "Análise da Inteligência de Cristo: o Mestre da Sensibilidade. São Paulo. Ed. Academia de Inteligência. 2000. 214p."

“Todo o sofrimento que Cristo passou foi como homem, um homem como qualquer outro. Os açoites, os espinhos e os cravos da cruz penetraram num corpo físico humano. Ele sentiu as dores como qualquer ser humano sentiria se passasse pelos mesmos sofrimentos.” [pág. 109)

“Por um lado, ele almejava retornar à glória que tinha antes que houvesse o mundo, mas primeiro teria de cumprir a sua mais amarga missão. Por outro lado, desejava resgatar o homem e, para isso, teria de passar pelo seu martírio como um homem. E o que é pior, teria de tomá-lo como nenhum homem o fez. Não poderia pedir clemência no momento em que estivesse sofrendo. Não poderia gritar como toda pessoa ferida, pois era simbolizado pelo cordeiro, que é um dos poucos animais que silencia diante da morte. Não podia odiar e se irar contra os seus inimigos. Pelo contrário, teria de perdoá-los e, mais do que isto teria de amá-los, caso contrário trairia as palavras que ele mesmo proclamou aos quatro ventos: "Amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem".” [pág. 145)

“Crer em Cristo corno filho de Deus depende da fé. Entretanto, não se pode negar que, independente da sua condição divina, ele foi um homem até às últimas consequências. Sofreu e se angustiou como um homem. Onde ele reuniu forças para superar o caos que se instalou na sua emoção naquele escuro jardim? Ele foi sustentado por um contínuo e misterioso estado de oração. A oração trouxe-lhe saúde emocional. Diluiu sua angústia e irrigou sua alma com esperança. Cristo, sabendo que teria de suportar seu cálice como um homem, sem qualquer anestésico e com a mais alta dignidade, teve seu sistema orgânico abalado por sintomas psicossomáticos. Não apenas teve sudorese, mas um raro caso de hematidrose, só produzido no extremo do stress. Lucas comenta que seu suor se tornou como gotas de sangues. Há poucos casos na literatura médica que relatam que alguém, submetido a intenso stress, teve ruptura ou abertura dos capilares sanguíneos capaz de permitir que as hemácias fossem expelidas junto com o suor.” [pág. 146)

“Apesar de sofrer como um homem, Jesus tinha uma humanidade nobilíssima. Notem que ele disse ao seu Pai. "Afaste de mim este cálice". O pronome demonstrativo este indica que ele estava se referindo ao que estava ocorrendo em sua mente com respeito ao cálice físico que iria suportar na manha seguinte. Imagine quantos pensamentos e emoções angustiantes não transitavam pela sua mente. Vamos nos colocar no lugar dele. Imaginemos nossa face toda cheia de hematomas pelos murros dos soldados, nossas costas sulcadas pelos açoites, nossa cabeça ferida pelos múltiplos espinhos. Imaginemos também os primeiros pregos esmagando a pele, nervos e músculos de nossas mãos. Qual cálice seria pior o cálice psíquico, ou seja, dos pensamentos antecipatórios, ou o cálice físico? Normalmente o cálice psicológico é pior do que o físico, mas no caso de Jesus eram ambos, pois o sofrimento da cruz era indescritível. Entretanto, ele pedia ao Pai que afastasse dele "este" cálice, o cálice psíquico o que se passava na sua mente, e não o físico. Mas como este cálice também fazia parte do seu martírio, em seguida, emendou. "Mas não faça a minha vontade". Com resignação se rendeu à vontade de seu Pai.” [pág. 179/180)

“Se Cristo objetivasse camuflar as suas emoções, jamais teria expressado a sua dor no Getsêmani e jamais teria manifestado a sua vontade de não beber o cálice.” [pág. 184)


Augusto Cury (Brasil, 1958-X). Obra: "Análise da Inteligência de Cristo: O Mestre da Vida. São Paulo. Ed. Academia de Inteligência. 2001. 226p."

“Pedro aprendeu a amar Jesus e não aceitava a sua partida. Não percebeu que, ao ser preso, assumiu plenamente a condição humana e que não faria mais nenhum dos seus milagres.” [pág. 42]

“Ele não era controlado pelo medo. Seu comportamento sereno e tranqüilo perturbava os que o odiavam e os levava à loucura. Mesmo os homens de Pilatos aumentavam o grau de tortura por não vê-lo reagir.” [pág. 101]

“Jesus foi preso em plena condição de saúde. Contudo, ficaremos estarrecidos com a violência e os maus tratos que recebeu. Em menos de doze horas, seus inimigos destruíram seu corpo antes de crucificá-lo... O mestre do perdão foi tratado sem nenhuma tolerância. Nunca alguém que se preocupou tanto com a dor humana foi tratado de maneira tão impiedosa.” [pág. 55]

“Os soldados, ao perceberem que Jesus não ia gritar, não ia reagir nem pedir clemência, ficaram impacientes e irritados. Para completar a agonia de Jesus, tomaram-lhe o falso cetro e deram-lhe na cabeça. Uma dor horrível e aguda permeou sua cabeça. Os espinhos cravaram-se no couro cabeludo, uma área intensamente irrigada. Dezenas de pontos hemorrágicos surgiram. O sangue escorria por toda a sua face. Era o sangue de um homem. Suportou sua dor como um homem e não como Deus.” [pág. 152]

“Agora ele foi julgado e está mutilado. Em menos de doze horas seus inimigos destruíram seu corpo. O filho do homem não tinha mais força para caminhar... Fizeram com ele o que não fizeram com ninguém que enfrentaria o suplício da cruz. O mais amável e poderoso dos homens estava com dezenas de pontos hemorrágicos sobre sua cabeça. Sua face estava mutilada e inchada. Os olhos deviam estar quase invisíveis pelos traumas, pelo edema das pálpebras. Os músculos do abdome estavam feridos. Não conseguia andar direito. A musculatura das pernas estava lesada. A pele das costas estava aberta pelos açoites. Seu corpo estava desidratado.” [pág. 221/222]

Augusto Cury (Brasil, 1958-X). Obra: "Análise da Inteligência de Cristo: o Mestre do Amor. São Paulo. Ed. Academia de Inteligência. 2002. 229p." (pág. 74, 75, 77, 79, 85/86, 203/204)

Jesus sempre esteve disposto a carregar a sua cruz. Agora, era chegado o momento. Contudo, seus inimigos o torturaram tanto que não tinha energia para carregá-la. Ele tentava, mas ao colocar a trave de madeira sobre os ombros, caía frequentemente. [pág. 74)

Os soldados davam-lhe chibatadas. Lentamente ele se levantava e novamente ajoelhava. Para não atrasar o desfecho final, chamaram o primeiro homem forte que estava próximo para ajudá-lo. Foi, então, que colocaram a cruz sobre Simão, o cirineu. [...] Ele caminhava lentamente. Sua cabeça pendia sobre seu peito. Estava, portanto, sem condições físicas e psíquicas para se preocupar com mais nada, a não ser consigo mesmo. Entretanto, ao observar os gritos da multidão que o amava, ele parou, não suportou. Ergueu seus olhos! Viu os leprosos e os cegos que curou, as prostitutas que acolheu, bem como inúmeras mães carregando seus filhos no colo. Seu coração se derreteu... Então, quando todos pensavam que ele não tinha mais energia para raciocinar e dizer qualquer palavra, fitou a multidão, focalizou mulheres e disse, provavelmente com lágrimas: "Filhas de Jerusalém, não chorais por mim. Chorai por vós e por vossos filhos". Que homem é capaz de se esquecer de si mesmo e se preocupar com os outros no auge dos seus sofrimentos? [pág. 75)

Talvez estivesse alertando as mães a se preocupar com seus filhos, pois dias dramáticos viriam. Talvez estivesse antevendo a destruição dramática de Jerusalém pelos romanos no ano 70 d.C. A destruição de Jerusalém foi um dos capítulos mais angustiantes da história da humanidade e poucos o conhecem. [pág. 77)

Jerusalém foi destruída no ano de 70 d.C. O saldo da guerra corrói a alma. Morreram cerca de um milhão e cem mil homens, mulheres e crianças, vítimas da guerra e das suas consequências. O solo dessa bela cidade absorveu o sangue e as lágrimas de muitos inocentes. Mais uma vez a história humana maculou-se com atrocidades inexprimíveis. [pág. 79)

Muitos homens foram feridos e torturados ao longo das eras, mas é provável que nunca um homem tenha passado pela sequência de tortura que ele passou. Entretanto, nunca um homem foi tão forte e seguro num ambiente onde só era possível reagir com ansiedade e desespero. A ciência dormita em relação à compreensão do homem Jesus. Espero que meus colegas cientistas da psicologia, da psiquiatria e das ciências da educação possam ter a oportunidade de estudar sua inusitada personalidade. [pág. 85/86)

Ao manifestar que estava com sede, os soldados, sem nenhuma piedade, não apenas não lhe deram água, mas vinagre. O vinagre é um ácido: ácido acético. Quando os soldados embeberam uma esponja com o vinagre e o deram para Jesus beber, ele sentiu uma dor indescritível. O ácido acético penetrou em cada fissura da sua boca e provocou uma sensação horrível de queimação. Sua língua e seus lábios pegaram "fogo". Queria abanar com suas mãos a sua boca, mas estava pregado na cruz. Não podia fazer nenhuma manobra para ser aliviado. Tremia de dor e mexia sua cabeça sem parar para tentar suavizá-la. Nada adiantava. Não tinha mais força para respirar e se refrescar com o ar que saía dos seus pulmões. [pág. 203/204)


Augusto Cury (Brasil, 1958-X). Obra: "Análise da Inteligência de Cristo: o Mestre Inesquecível. São Paulo. Ed. Academia de Inteligência. 2003. 257p." (pág. 194)

“Como vimos no Mestre do Amor, na platéia havia milhares de pessoas que ele havia ajudado e saciado. Tirar-lhes Jesus era arrancar-lhes o coração. João ouviu os gemidos de dor de Jesus. Contemplou sua musculatura ter ataques de tremor. Observou seu clamor por ar como o do sedento pela água. João entrou em desespero. Para seu espanto, Jesus o observava e, numa tentativa de consolá-lo, pediu-lhe para tomar Maria como sua mãe e cuidar dela. Falar cravado numa cruz expande a musculatura do tórax e aumenta a dor. Talvez João tivesse vontade de dizer: "Por favor, não fale. Não sofra mais. Esqueça-me”. Que homem é esse que coloca as pessoas em primeiro plano mesmo quando está em último lugar? Que amor é esse que se esquece da sua dor para consolar os outros?”

Augusto Cury (Brasil, 1958-X). Obra: "O homem mais inteligente da história. Rio de Janeiro. Ed. Sextante. 2016. 265p." (pág. 174)

- E o que me deixa mais surpreso é que os maiores testes a que Jesus Cristo foi submetido ocorreram antes de ele abrir a boca ao mundo e iniciar seu projeto. Nunca havia pensado que a cruz foi apenas a “cereja do bolo” em seu imenso sacrifício pela humanidade.
- Ele atravessou os vales sórdidos do esgotamento físico, mental e social [...]



Obs.: As expressões no texto entre colchetes ou parêntesis destacadas na cor azul não fazem parte do original.