Jaime Francisco de Moura. Obra "Por que estes ex-Protestantes se tornaram Católicos: Testemunhos de ex-pastores e leigos que voltaram à Igreja Mãe. 1ª edição. Ed. Com Deus. São José dos Campos. 2003. 252p." (pág. 112/113) Testemunho de conversão de Marcus James Akin, ex-Ministro Protestante:
“Eu também comecei a ter problemas com as duas doutrinas fundamentais do protestantismo: sola fide, a afirmação que somos salvos apenas pela fé, e sola scriptura, que diz que os cristãos devem usar apenas a Bíblia em matéria de doutrina e costumes. A primeira começou a ficar problemática para mim quando eu comecei a notar certas passagens que contradiziam essa doutrina. Em (Romanos 2,7), por exemplo, o Apóstolo Paulo conta aos seus leitores que Deus dará a recompensa da vida eterna àqueles que “com perseverança em fazer bem, procuram a glória, honra e incorrupção". Em (Gálatas 6,6-10), Paulo diz que aqueles que "semeiam no Espírito" ao "fazer o bem a todos" irão pelo Espírito colher a vida eterna.
Era especialmente interessante que eu estava encontrando tais versos nas cartas aos romanos e aos gálatas, as mesmas epístolas que os protestantes dizem basear a doutrina de justificação somente pela fé. Esses versos não significam que alcancemos nossa salvação por boas obras apenas, uma doutrina que muitos protestantes erroneamente atribuem à Igreja Católica, mas
esses versículos realmente significam que a fórmula "somente pela fé" não é uma descrição precisa daquilo que a Bíblia nos ensina sobre salvação. Estas e outras passagens revelam que, como um resultado da graça divina, nós somos capazes de fazer atos de amor que agradem a Deus, os quais Ele livremente escolhe recompensar. Uma dessas recompensas, na verdade a primeira delas, é a dádiva da vida eterna (Romanos 2,6-7). Ainda havia a questão de como explicar passagens como (Rom 3,28), onde Paulo diz que o homem é justificado pela fé separada das obras da lei, mas isso não me perturbava mais desde quando percebi nos meus primeiros dias de leitura bíblica que Paulo estava falando sobre a lei mosaica em Romanos e Gálatas, por isso ele gasta muito tempo batendo na tecla de que não é necessário ser circuncidado para ser salvo — a circuncisão sendo um dos rituais da lei mosaica. O que Paulo está dizendo é absolutamente verdadeiro: nós somos justificados pela fé sem as obras da lei mosaica. Isso seria mais óbvio para os leitores se na tradução fosse usada a palavra hebraica para lei, torá, que é ao mesmo tempo o nome dos cinco primeiros livros da Bíblia que contêm a lei de Moisés. Paulo disse, "concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras do torá" (Rom 3,28). Podemos provar isso ao olharmos o versículo imediatamente seguinte: "É porventura Deus somente dos judeus? E não o é também dos gentios? Também dos gentios, certamente" (Rom 3,29). Se Paulo não estivesse se referindo às "obras do torá", então a questão e sua resposta seriam sem sentido. Pela frase "obras da lei" Paulo se refere a algo que os judeus tinham mas que os gentios não tinham: a lei mosaica. Ele chega ao ponto no versículo seguinte: "Visto que Deus é um só, que justifica pela fé a circuncisão (dos judeus) e por meio da fé a incircuncisão (dos gentios)" (Rom 3,30). Assim, as "obras da lei" que Paulo menciona no versículo 28 são as que caracterizam os judeus, não os gentios, a principal obra sendo a circuncisão (cf. 3,29-30). Isso significa que as leis judaicas de circuncisão, ritual de purificação, questões sobre os alimentos, e o calendário das festas judaicas são, agora que estamos sob o Novo Testamento de Cristo, completamente irrelevantes para a nossa salvação. Manter a cerimónia da Lei de Moisés não é necessário para os cristãos.
O que importa é manter a "Lei de Cristo" (Gál. 6,2) que é resumida por "fé agindo através do amor" (também traduzida como "fé feita efetiva através do amor” [Gál. 5,6].”