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Scott Hahn. Obra: "O Banquete do Cordeiro - A missa segundo um convertido. Editora Cleófas. Edições Loyola. São Paulo. Brasil. 2014.​​"

“Desde o começo, o Apocalipse tem um tom iminente: "Revelação de Jesus Cristo: Deus lha concedeu para mostrar a seus servos o que deve acontecer em breve" (Ap 1,1). A mensagem repete-se por todo o livro: “Venho em breve" (veja 1,1.3, 3,11; 22,6-7 10.12.20). O próprio Jesus mencionou que voltaria em breve, antes até que se passasse uma geração depois de sua ressurreição. “...dentre os que estão aqui, alguns não morrerão antes de ver o Filho do Homem vir como rei" (Mt 16,28). “...esta geração não passará sem que tudo isto aconteça" (Mt 24,34).” [pág. 91]

Hoje, muitos de nós associamos o "em breve" à segunda vinda de Jesus no fim do mundo. E isso é certamente verdade; João e Jesus falavam do fim da história. Entretanto, creio que também falavam — e primordialmente — do fim de um mundo: a destruição do Templo de Jerusalém e com ela o fim do mundo da antiga aliança, com seus sacrifícios e rituais, suas barreiras aos pagãos e suas barreiras entre o céu e a terra. Porém, a parusia (ou "vinda") de Jesus devia ser mais que um fim, devia ser um começo, uma nova Jerusalém, uma nova aliança, um novo céu e uma nova terra.João e Jesus referem-se não só a uma parusia ou volta distante, mas à contínua parusia de Jesus, que realmente aconteceu na primeira geração cristã, como ainda acontece hoje. Não devemos nos esquecer de que o sentido original do grego parusia é "presença" e a presença de Jesus é real e permanente no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Assim, quando João e Jesus disseram "em breve", creiam que o disseram bem literalmente, pois a Igreja é o reino que já começou na terra, o lugar da parusia em todas as missas.” [pág. 92]

“A Presença. Em grego, a palavra é parusia e transmite um dos temas principais do livro do Apocalipse. Nos últimos séculos, os intérpretes têm usado a palavra quase exclusivamente para descrever a segunda vinda de Jesus no fim dos tempos, e essa é a definição que se encontra na maioria dos dicionários. Contudo, não é o sentido principal. O sentido primordial de parusia é uma presença real, pessoal, viva, permanente e ativa. No último versículo do evangelho de Mateus, Jesus promete: "eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos tempos”. Apesar de nossas redefinições, o livro do Apocalipse define essa forte sensação da iminente parusia de Jesus — sua vinda que tem lugar agora mesmo. O Apocalipse nos mostra que ele está aqui em plenitude com sua realeza, em julgamento, em guerra, no sacrifício sacerdotal, em corpo e sangue, alma e divindade onde quer que os cristãos celebrem a Eucaristia."A liturgia é a parusia contemplada antes do tempo, o “já” que entra em nosso “ainda não”", escreveu o cardeal Joseph Ratzinger. Quando Jesus vier novamente no fim dos tempos, ele não terá uma só gota de glória a mais do que tem neste momento, nos altares e nos sacrários de nossas igrejas. Deus habita entre a humanidade agora mesmo, pois a missa é o céu na terra.” [pág. 109/110]




Obs.: As expressões no texto entre colchetes ou parêntesis destacadas na cor azul não fazem parte do original.