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Nossa Senhora (Maria Santíssima, Virgem Maria, Mariologia, Mãe de Jesus, Santa Maria)

 Maria não teve outros filhos; Jesus não teve irmãos; quem eram os supostos "irmãos" de jesus citados na Bíblia?

Bíblia Ave Maria (AT)

ÍNDICE DOUTRINAL:
IRMÃOS: Pode significar os nascidos dos mesmos pais: Gn 4,9; do mesmo pai ou da mesma mãe: Gn 42,15; Jz 9,5; os parentes: Gn 13,8; os pertencentes a uma mesma tribo: 2Sm 19,12; os pertencentes ao mesmo povo: Ex 2,11; os pertencentes à mesma natureza humana: Gn 9,5; Mt 5,22; 7,3; Hb 2,11; os que, renascidos pela fé e pelo batismo, invocam um mesmo Pai celeste: Mt 6,8-15; Jo 1,13; 3,5; At 10,23; Cl 1,2; 1Jo 3,9s; 5,1;

IRMÃOS DE JESUS: São indicados: Tiago, José, Judas, Simão: Mc 6,3. Não se trata, porém, de irmãos no sentido estrito, filhos dos mesmos pais. Os evangelistas afirmam que Jesus foi o filho único da Virgem Maria: Mc 6,3; Jo 19,26s. Nem há motivo para supor que São José tivesse outros filhos de um matrimônio anterior. Por outro lado, a palavra “primo” não existe nem no hebraico nem no aramaico. Os “irmãos de Jesus” tinham outra mãe que não Maria Santíssima. O Evangelho de São Mateus 27,56 menciona, entre as mulheres presentes à crucificação de Cristo, Maria, mãe de Tiago e José. Essa Maria é esposa de Cléofas, conforme Jo 19,25. Provavelmente se trata de uma irmã de Maria, mãe de Jesus. Portanto, Maria e seu esposo Cléofas eram os pais de Tiago e de José. Eles tinham ainda outro filho por nome Judas, que em sua epístola se diz irmão de Tiago. Este Tiago só pode ser filho de Cléofas, pois o outro Tiago era irmão de São João Evangelista, que era filho de Zebedeu. Resta Simão. Egesipo também o dá como filho de Cléofas. Não constam seus pais. Tenha-se em conta que Nossa Senhora é chamada “mãe de Jesus’’ e nunca “mãe dos irmãos de Jesus”. Se Maria tivesse algum outro filho, Jesus não a teria confiado a João, filho de Zebedeu. A família de Nazaré aparece apenas com três pessoas: Jesus, Maria e José. Aos doze anos, Jesus vai ao templo exclusivamente com Maria e José.

Padre João A. MacDowell, S.J. Obra: Religião também se aprende. Volume 5. 2001. Ed. Santuário. Aparecida/SP. 130p.

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    A idéia que Maria teve outros filhos além de Jesus é fruto de um mal-entendido. É verdade que os Evangelhos falam de irmãos e irmãs de Jesus. Por exemplo em Mc 6,3 o povo de Nazaré exclama: "Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Suas irmãs não vivem aqui entre nós?" Mas nas línguas semíticas, como o aramaico, falado por Jesus, o termo "irmão" pode ser usado num sentido mais amplo para designar também os primos e parentes próximos, quer dizer, os membros de sua família. Por exemplo, no livro do Gênesis (cf. 14,14) Abraão chama seu sobrinho Lot de irmão (cf. 13,8). E no Primeiro Livro das Crônicas os filhos de Quiche são chamados irmãos das filhas de Eleazar, que eram suas primas (cf. 23,21-23).
    Nos Evangelhos os irmãos de Jesus nunca são chamados "filhos de Maria", sua mãe. E nas narrações da infância de Jesus só aparecem José, Maria e seu filho: sinal que os tais irmãos não pertenciam à família, propriamente dita, que vai e volta do Egito ou vive na casa de Nazaré. São apenas seus parentes. Dois dos quatro irmãos de Jesus, citados há pouco, Tiago e José, são filhos de outra Maria, como dizem expressamente Mateus (27,56.61) e Marcos. Muito importante também é o fato de que, ao pé da cruz, antes de morrer, Jesus confia sua mãe a João, filho de Zebedeu, seu amigo e discípulo (Jo 19,26s.). Isso seria impossível, sobretudo para a mentalidade daquele tempo, se Jesus tivesse verdadeiros irmãos.

Alex C. Jones Jr. (EUA – 1941-2017). Obra: "Não tem preço, Um pastor pentecostal e a esposa narram a sua conversão ao catolicismo. São Paulo. Ed. Quadrante. 2014. 251p." (pág. 225/226)

Testemunho de Donna, esposa do Pastor Alex Jones: “Havia também o fato de que a Igreja a chamava de sempre virgem. Isso não me parecia verdade, porque tinha lido na Bíblia que Jesus tinha irmãos, e isso me fez questionar como Maria podia ser chamada "virgem" se obviamente teve outros filhos. Eu não sabia que não havia um termo em aramaico (o idioma falado na região de Jesus) para designar primos e outros parentes, de forma que todos eram chamados "irmãos e irmãs". Esta questão em particular iniciou uma discussão noturna com o meu marido até a meia-noite. Este é, em parte, o problema da doutrina Sola Scriptura, que consiste em considerar a Bíblia como única autoridade religiosa legítima. A tradição e a história da Igreja são importantíssimas para uma boa compreensão da Escritura, mas a maioria das pessoas não se importa em pesquisar o significado das palavras na época de Jesus ou descobrir quais eram os costumes e o contexto histórico de dois mil anos atrás. Alguns dos hábitos, tradições e termos que utilizamos nos EUA de hoje são completamente inaceitáveis e até ofensivos em outros países. Antes de visitar uma nação estrangeira, é aconselhável estudar a sua língua, os seus costumes e tradições. Se isso é verdadeiro hoje, por que acreditamos que podemos ler e compreender a Bíblia sem haver estudado o idioma, os costumes e as tradições dos judeus de dois mil anos atrás? Então, quando li de novo a Segunda Epístola aos Tessalonicenses — "Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa" (2, 15) —, os meus olhos se abriram para o erro do Sola Scriptura. Via-se naquele trecho claramente — dentro da própria Bíblia — que a Bíblia não era a única fonte doutrinal! Isso causou-me uma verdadeira explosão mental! Aquele versículo abriu um caminho amplo na minha mente e removeu muitas das restrições que eu impusera às doutrinas marianas. Deus retirou a minha viseira e as escamas caíram-me dos olhos. Isso me permitiu analisar as tradições judaicas. Na tradição do povo judeu, era responsabilidade dos filhos cuidar dos pais. Lemos no Evangelho de São João: "Junto à cruz de Jesus estava de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cleófas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis aí teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Eis aí tua mãe”. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa” (19, 25-27) Essa passagem não afirma que João fosse um irmão ou parente de Jesus, mas sim um discípulo. Agora, se a Lei de Moisés prescrevia que os filhos deveriam tomar conta dos pais, por que Jesus entregaria a Mãe a um discípulo, se Ela supostamente tinha outros filhos? Jesus jamais transgrediria a Lei. Ele disse: “Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição" (Mt 5, 17).”

Scott Hahn. Obra: "Razões para crer – Como entender, explicar e defender a Fé Católica. Ed. Cleófas. 1ª edição. 2015." (pág. 113)

“Alguns cristãos modernos (como um dos antigos) contestam que os Evangelhos se referem aos "irmãos do Senhor", mas o texto não é conclusivo. Em culturas tribais, todas as relações familiares — mas especialmente os parentes mais próximos — são considerados “irmãos" e "irmãs". Para o hebraico e o aramaico não havia palavra específica para "primo" ou para um parente distante" O costume de chamar os primos de "irmãos" ou "irmãs" continuou em muitos lugares no Oriente Médio e na África até os dias atuais. [...] Finalmente, se os "irmãos do Senhor" fossem na verdade filhos de Maria, é bastante improvável que Jesus tivesse confiado sua mãe aos cuidados do Apóstolo João, como Ele o fez na Cruz (Jo 19,26-27)”

Roberto Andrade Tannus. Obra "Conhecendo Melhor a Fé Católica.  Ed. Gólgota. 8ª edição. Goiânia, 2018. 190p."

[pág. 81/82:]

O termo "irmão" é bastante impreciso, bastante vago, no hebraico-aramaico. Veremos alguns exemplos do seu uso, indicando claramente que, muitas vezes, se tratava na verdade não de irmãos de sangue, mas de parentes mais distantes e, em outros casos, nem laço consanguíneo existia. [...] É fácil notarmos a grande quantidade de vezes em que a palavra “irmão” foi usada na Palavra de Deus sem que configure, até mesmo, um laço sanguíneo. Só no Livro dos Atos dos Apóstolos anotei quarenta e sete vezes a palavra “irmão” sem que signifique os filhos de um mesmo progenitor.
[pág. 83:]

Entre os semitas o tratamento até de pessoas de uma mesma tribo era de irmãos, o que não significava que tinham laços sanguíneos entre si. [...] A irmandade não se restringia, tanto no AT quanto no NT, aos irmãos uterinos, mas ela se estendia aos parentes próximos, aos compatriotas, aos irmãos de fé, etc.
[pág. 88/89:]

6.6 — Parentes de Jesus e não irmãos uterinos
Dentre outras passagens bíblicas onde estão mencionados os “irmãos” de Jesus, destacamos as seguintes:
    Chegaram, então, seus irmãos e sua mãe; e, estando fora, mandaram-no chamar. (Mc 3,31)
    Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? E não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se dele. (Mc 6,3) E não vi a nenhum dos apóstolos, senão Tiago, irmão do senhor (Gal 1,19)

Esses trechos da Escritura, se tomados separadamente, sem levar em consideração o uso diverso da palavra "irmão", podem dar a impressão de que existiam de fato os laços sanguíneos de irmãos entre eles e Jesus; ou seja, que Tiago, José, Judas e Simão eram irmãos de Jesus. Veremos, a seguir, que estes quatro irmãos, na verdade, não são filhos de Maria e de José e, por conseguinte, não são irmãos de sangue do Senhor Jesus. São seus parentes, é verdade, mas não filhos dos mesmos pais de Jesus (lembrando que José é "pai adotivo" de Jesus).
[pág. 94/95:]

Para facilitar a compreensão e unir as passagens bíblicas citadas, elaborei o seguinte resumo:
    1º) TIAGO — citado como irmão do Senhor é um dos apóstolos (Gal 1,19). Portanto, se Tiago é um dos apóstolos, ele não pode ser filho de Maria e de José, pois: a) Um dos apóstolos chamado TIAGO é filho de ZEBEDEU (Mt 10,2), cujo irmão é João; b) O outro TIAGO apóstolo é filho de ALFEU (Mt 10,3), cujo irmão é Judas Tadeu;
    2º) TIAGO APÓSTOLO, não é filho de Maria, mas é irmão de JOSÉ e JUDAS e todos eles SÃO FILHOS DE UMA OUTRA MARIA, (Lc 6,16; Mc 15,40; 19,25); 3º) SIMÃO, sendo irmão de Tiago, de José e de Judas (Mc 6,3) não pode ser filho de Maria, Mãe de Jesus, pois, segundo a Bíblia, os seus três irmãos têm como mãe uma outra Maria, parenta de Nossa Senhora (Jo 19,25); 4º) Lembramos que ALFEU em hebraico corresponde a CLÉOFAS no grego (Mt 10, 2-3;Jo 19,25); 5º) MARIA (mãe de Tiago, José, Judas e Simão) é mulher de CLÉOFAS (kleopas, ou Clopas, conforme a variação da tradução deste nome para o português) e possui um parentesco com MARIA, MÃE DE JESUS (Jo 19,25) — na Bíblia ela é citada como "irmã" de Maria, Mãe de Jesus (Jo 19,25);
    6º) Concluímos finalmente que TIAGO, JOSÉ, JUDAS e SIMÃO são filhos de ALFEU (Clopas = Kleopas — no grego). 7º) ALFEU (que é o mesmo que CLÓPAS) é o esposo da outra Maria (Mt 27,56 e Mc 15,40), que é "irmã" de Maria, Mãe de Jesus (Jo 19,25). Portanto, eles são parentes de Jesus (PARENTES EM 4º GRAU COLATERAL, NO MÍNIMO) e não irmãos uterinos!

[pág. 118:]

Ademais, não há qualquer outra menção a filhos, sendo difícil de explicar como é que Jesus teria entregado Maria aos cuidados do discípulo João se ela tivesse outros filhos.

Revista Superinteressante (Julho/2002)

“A Bíblia afirma que Jesus teve duas irmãs e quatro irmãos: Tiago, Judas, José e Simão. Mas não se sabe se esses eram filhos de Maria ou de um primeiro casamento de José. Muitos teólogos afirmam que eles eram, na verdade, primos de Jesus — em aramaico, irmão e primo são a mesma palavra.”



Obs.: As expressões no texto entre colchetes ou parêntesis destacadas na cor azul não fazem parte do original.