O Big-Bang deu início ao universo em um estado de baixa entropia, e esse estado parece ser a fonte da ordem que hoje vemos. Em outras palavras, a ordem atual é uma relíquia cosmológica. [pág. 204]
Chegou a hora do acerto de contas. A fonte última da ordem, da baixa entropia, tem de ser o próprio Big-Bang. [...] Uma ordem incrível no começo foi o que deu origem a tudo, e nós vivemos o desdobramento gradual em direção ao aumento da desordem desde então. [pág. 206]
A revelação a que chegamos é a de que podemos confiar na nossa memória de um passado com entropia mais baixa, e não mais alta, apenas se o Big-Bang— o processo, evento ou acontecimento que trouxe o universo à existência fez com que o universo começasse em um estado extraordinariamente especial, bastante ordenado e de baixa entropia. [pág 208]
Se o universo tivesse começado em um estado totalmente desordenado e com entropia alta, a evolução cósmica posterior apenas manteria a desordem. [pág. 316]
As noções da cosmologia inflacionária quanto ao problema do horizonte e ao problema da planura representam um tremendo progresso. Para que a evolução cosmológica produzisse um universo homogêneo cuja densidade de matéria/energia fosse, ainda que remotamente, próxima à que hoje observamos, o modelo-padrão do Big-Bang requereria uma regulação precisa, inexplicada e quase sobrenatural das condições primitivas. Pode-se tomar essa regulação como algo apenas natural, que não exige explicações, mas a falta delas faz com que a teoria pareça artificial. [pág. 341]
Ficamos, assim, com o enigma: por que o universo tinha uma distribuição uniforme e pouco entrópica (altamente ordenada) de matéria em vez de ter uma distribuição aglomerada e muito entrópica (altamente desordenada), como no caso de uma população diversificada de buracos negros? E por que a curvatura do espaço era regular, ordenada e uniforme, com altíssimo grau de precisão, em vez de estar infestada com uma pluralidade de deformações e curvas extremas, como as que são geradas por buracos negros? [pág. 365]