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Carl Zimmer (Estados Unidos, 1966-X). Obra: "O Livro de ouro da evolução: o triunfo de uma ideia. Rio de Janeiro, 2003. Editora Ediouro. 598p."

Darwin lutou com sua espiritualidade durante a maior parte de sua vida adulta, mas manteve esta luta em particular. Quando embarcou no Beagle, com a idade de 22 anos, e começou sua viagem ao redor do mundo, ele era um anglicano devoto. Mas à medida que lia Lyell e via o lento trabalho da geologia na América do Sul, ele começou a duvidar de uma leitura literal do Gênese. E enquanto amadurecia como cientista, ao longo de sua jornada, ele ficou cético em relação aos milagres.” [pág. 532]

Fazia 13 anos então que Darwin descobrira a seleção natural. Foi quando ele abandonou o cristianismo.” [pág. 535]

“Apesar de seu silêncio, Darwin era frequentemente importunado na velhice para que comentasse suas ideias sobre religião. "Metade dos tolos da Europa me escreve para perguntar a mais estúpida das questões", ele resmungava. As cartas mergulhavam fundo na sua angústia mais pessoal. Para os estranhos, suas respostas eram muito mais curtas do que aquela que ele enviou para Gray. Para um correspondente, ele simplesmente disse que quando escrevera A origem das espécies suas próprias crenças eram tão fortes quanto as de um sacerdote. Para outro, ele escreveu que uma pessoa poderia, sem dúvida alguma, "ser um crente fervoroso e um evolucionista", e citou Asa Gray como exemplo. Até o fim de sua Vida, Darwin nunca publicou nada sobre religião. Outros cientistas poderiam declarar que a evolução e o cristianismo estavam em perfeita harmonia, enquanto outros, como Huxley podiam provocar os bispos com seu agnosticismo, mas Darwin não se pronunciava. No que ele realmente acreditava ou não, ele dizia, "não tem importância para ninguém exceto para mim mesmo". Darwin e Emma raramente falavam sobre sua fé, depois da morte de Anne. Ele passou a depender vez mais dela, a cada ano que passava, como enfermeira para cuidar de sua doença e para manter o seu ânimo. Aos 71 anos de idade, ele olhou para a carta que ela lhe escrevera, logo depois que se casaram, pedindo-lhe que lembrasse o que Jesus tinha feito por ele. Embaixo ele escreveu: "Quando eu estiver morto, saiba que muitas vezes eu beijei e chorei em cima disso". Dois anos depois Emma o segurou nos braços quando ele caiu na Down House. Durante seis semanas ela cuidou dele, enquanto ele chamava por Deus e escarrava sangue para depois mergulhar na inconsciência. Em 19 de abril de 1882, ele estava morto.” [pág. 536/537]



Obs.: As expressões no texto entre colchetes ou parêntesis destacadas na cor azul não fazem parte do original.