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Coleção Os Pensadores: História da Filosofia. Ed. Nova Cultural. São Paulo, 1999. 480p.

Bernadette Siqueira Abrão: “Do ponto de vista teórico, ambas as atitudes são viáveis. De um lado, a ideia cristã de Deus que se fez homem e que se deixou crucificar é um escândalo não só para as religiões pagãs, mas sobretudo para a filosofia, que havia construído a noção de um Deus abstrato, indiferente ao mundo, ou, no melhor dos casos, coincidente com o próprio mundo. Para a filosofia, é absurda a ideia de um Deus que ama o homem e que se sacrifica por ele. Assim, o cristianismo só pode combater a filosofia.” [pág. 95]

“Dentre os santos padres, Santo Agostinho é quem leva mais longe a conciliação entre a fé e a razão: elabora a "filosofia cristã", como ele a chamaria.” [pág. 97]

Nesse aspecto, o pensamento agostiniano é radicalmente contrário à tradição filosófica, que via na salvação (ou na felicidade) o resultado do esforço do homem, pela filosofia. O Deus dos filósofos não é o Deus cristão, e, se Agostinho percorre os caminhos da filosofia, é para reafirmar com maior vigor sua fé na onipotência de Deus.” [pág. 101]



Obs.: As expressões no texto entre colchetes ou parêntesis destacadas na cor azul não fazem parte do original.