Immanuel Kant (1724-1804). Obra "Coleção Os Pensadores: Kant. Ed. Nova Cultural. São Paulo, 1999. 511p." (pág. 473) É humilhante para a razão humana que nada consiga em seu uso puro, e que até necessite ainda de uma disciplina
[a crítica] para reprimir os seus excessos
[o ceticismo] e guardá-la contra as ilusões que disto resultam. Só que, por outro lado, a razão é enaltecida e recobra a sua autoconfiança pelo fato de que ela mesma pode e tem de exercer esta disciplina sem admitir uma outra instância censora que lhe seja superior; além disto, os limites que foi constrangida a impor ao seu uso especulativo restringem, ao mesmo tempo as pretensões sofísticas de todo oponente, podendo portanto assegurar contra quaisquer ataques tudo o que ainda possa restar-lhe de suas exigências anteriormente exageradas.
O maior e talvez único proveito de toda a filosofia da razão pura é, pois, tão-somente negativo; serve não como um órganon para a ampliação, mas sim como uma disciplina para a determinação de limites, e em vez de descobrir verdade só possui o silencioso mérito de impedir erros.
[A crítica é uma disciplina que descobrirá com facilidade a ilusão dogmática e forçará a razão pura a desistir de suas excessivas presunções no uso especulativo e recolher-se aos limites de seu solo próprio, qual seja, aquele dos princípios práticos (A 794/B 822)] Coleção Os Pensadores: História da Filosofia. Ed. Nova Cultural. São Paulo, 1999. 480p. (pág. 211) Blaise Pascal:“
Que altivez auto-suficiente é então essa, a do homem e sua razão, que pretende abarcar todas as coisas e até mesmo arvorar-se em demonstrar a existência de Deus? É preciso que se admita a limitação do homeme que se reconheça que, para ele, Deus é completamente incompreensível, está e sempre estará oculto. Por isso, Pascal não faz metafísica nem teologia:
os princípios e Deus não são concebíveis, muito menos passíveis de demonstração.Estranha defesa da fé, caso se leve em conta que toda a tradição cristã procurava provar a existência de Deus. Mas,
ao mostrar as insuficiências da razão, ao apontar para as limitações do homem, Pascal restitui a força da fé: é preciso crer, não compreender. E, por não ser demonstrável, o conteúdo da fé é uma aposta: "Incompreensível? Nem tudo o que é incompreensível deixa de existir".” Coleção Os Pensadores: História da Filosofia. Ed. Nova Cultural. São Paulo, 1999. 480p. (pág. 306) Immanuel Kant: “Radical, Kant não poupa a metafísica, que pretendeu construir uma concepção completa sobre Deus, a alma e o mundo. Nesta, a situação é de impasse.
Proliferam doutrinas, cada uma sustentando a sua “verdade” mas que se perdem no dogmatismo, isto é, em raciocínios sobre ideias produzidas apenas pela razão, sem indagar se a própria razão tem capacidade para isso. Por isso, Kant recomenda aos pretendentes a metafísicos: "É incontornavelmente necessário pôr de lado provisoriamente seu trabalho, considerar tudo o que aconteceu até agora como não acontecido e antes de todas as coisas formular primeiramente a pergunta:
se algo como a metafísica é simplesmente possível"