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Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Obra "Coleção Os Pensadores: Rousseau 1. Ed. Nova Cultural. São Paulo, 1999. 336p." (pág. 294/295 e nota de rodapé)

“O estômago e o intestino do homem não são feitos para digerir carne crua e, em geral, não é ela do agrado do paladar. [...] ...até os próprios selvagens tostam as carnes. [...] O fogo, tanto quanto ao homem, causa grande prazer aos animais quando, habituados à sua vista, já experimentaram o seu agradável calor. Frequentemente mesmo, não lhes seria menos útil do que a nós, pelo menos para aquecer os filhotes. No entanto, nunca se ouviu dizer que qualquer animal, selvagem ou doméstico, tenha adquirido suficiente indústria para fazer fogo, ainda que com nosso exemplo. Aí estão, entretanto, esses seres raciocinantes que dizem formar, em face do homem, uma sociedade fugitiva, e cuja inteligência, no entanto, não pode desenvolver-se ao ponto de tirar faíscas de um seixo e de recolhê-las ou, pelo menos, de conservar as fogueiras abandonadas! Os filósofos, posso jurar, mofam abertamente de nós. Pelo que escrevem, percebe-se perfeitamente que nos tomam por animais.”



Obs.: As expressões no texto entre colchetes ou parêntesis destacadas na cor azul não fazem parte do original.