Justino de Roma (100-165 d.C.). Obra: "Diálogos com o sábio judeu Trifão (155 d.C.) in Patrística: Padres Apologistas. Vol. 2. Ed. Paulus. São Paulo. 1995. 324p." (pág. 240/241) “Quanto à frase: "Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho", foi dita em relação a Cristo. De fato, se este, de quem Isaías falava, não haveria de nascer de uma virgem, então por que o Espírito Santo clamava: "Eis que o próprio Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho"? Se também este teria que nascer de união carnal como qualquer outro primogênito, então por que Deus falava em realizar um sinal que não fosse comum a todos os primogênitos? No entanto, trata-se verdadeiramente de um sinal maravilhoso e digno de ser crido pelo gênero humano: de um ventre virginal nasceria como verdadeiro menino, feito carne, aquele que é primogênito de todas as criaturas. E esse é aquele que antecipadamente, por meio do Espírito profético, Deus anunciou de uma e outra forma, como já vos mostrei, para que, quando acontecesse, reconhecêssemos ter acontecido por poder e desígnio do Criador de todas as coisas. Do mesmo modo, Eva foi formada de uma costela de Adão e assim também pela palavra de Deus, no princípio foram criados todos os seres viventes. Vós, porém, inclusive nesta passagem, tendes a ousadia de mudar a interpretação dada pelos vossos anciãos que trabalharam junto a Ptolomeu, rei do Egito.
E dizeis que não consta no texto original o que eles interpretaram, mas: "Eis que uma mulher jovem conceberá", como se fosse sinal de grande obra que uma mulher conceba através de relação carnal, coisa que fazem todas as mulheres jovens, exceto as estéreis. E mesmo estas, se Deus quiser, pode fazê-las conceber. De fato, a mãe de Samuel, que não concebia, concebeu por vontade de Deus; do mesmo modo, a mulher do santo patriarca Abraão, assim como Isabel, aquela que deu à luz João Batista, e outras. De modo que não tendes motivo para supor que Deus não possa fazer o que ele quiser. Sobretudo, tendo sido profetizado que haveria de acontecer, não vos atrevais a mudar ou interpretar falsamente as Escrituras, pois com isso prejudicareis somente a vós mesmos e não a Deus.”
Justino de Roma (100-165 d.C.). Obra: "I Apologia (155 d.C.) in Patrística: Padres Apologistas:. Vol. 2. Ed. Paulus. São Paulo. 1995. 324p." (pág. 49) “Escutai agora como foi literalmente profetizado por Isaías que Cristo seria concebido por uma virgem. Ele diz o seguinte: "Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe porão o nome "Deus conosco [Is 7,14]. 0 que os homens poderiam considerar incrível e impossível de acontecer, Deus o indicou antecipadamente por meio do Espírito profético, para que quando acontecesse, não lhe fosse negada a fé, e sim, justamente por ter sido predito, fosse acreditado.”