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Blaise Pascal (França, 1623-1662). Obra: "Coleção Os Pensadores: Pascal. Ed. Nova Cultural. São Paulo, 1999. 285p."

“É o coração que sente Deus, não a razão. A fé é o Deus sensível ao coração, não à razão. A fé é um dom de Deus; não penseis que a consideramos um dom do raciocínio. As outras religiões não dizem isso de sua fé: só davam o raciocínio para alcançá-la, o qual, no entanto, não a alcança. Que distância entre o conhecimento de Deus e o amor de Deus!” [pág. 104]

“Aí está por que aqueles a quem Deus concedeu a religião pelo sentimento do coração são bem felizes e se acham convencidos de maneira legítima. Aos que não a possuem, só [lha] podemos dar pelo raciocínio, à espera de que Deus lha conceda pelo sentimento do coração, sem o que a fé é apenas humana e inútil para a salvação. [...] Não vos admireis por ver pessoas simples acreditando sem raciocínio. Deus lhes dá o amor a ele e o ódio a si mesmas. Inclina-lhes o coração a crer. Nunca se crerá com uma crença útil e de fé se Deus a tanto não inclinar o coração; crer-se-á desde que ele o incline. É o que bem sabia Davi quando dizia: Inclina cor meum, Deus, in [testimonia tua] [inclina meu coração, ó Deus, para teus testemunhos (Salmo 118,36].” [pág. 105]

“Confesso que um desses cristãos, que acreditam sem provas, provavelmente não terá com que convencer um infiel que lhe dê tal argumento. Mas os que conhecem as provas da religião provarão sem dificuldade que esse fiel é verdadeiramente inspirado por Deus, embora não possa prová-lo ele próprio. [...] Em lugar de vos queixardes por Deus se ter ocultado, rendei graças pelo fato de se haver descoberto tanto; e ainda lhe rendereis graças por não se ter descoberto aos sábios orgulhosos, indignos de conhecer um Deus tão santo.” [pág. 106]



Obs.: As expressões no texto entre colchetes ou parêntesis destacadas na cor azul não fazem parte do original.