Padre João De Marchi (1914-2003). Obra: "Era uma Senhora mais brilhante que o sol. Editora Consolata. 26ª edição. Versão em Português de Portugal. 2016. Fátima-Portugal. 447p." (pág. 211/218) [Aparição do dia 13/10/1917 aos três pastorinhos na Cova da Iria, ao meio-dia:] “Quanto eram os peregrinos da Fátima naquele memorável dia 13 de outubro?
[...] Na sua relação o ilustre Professor da Universidade de Coimbra, Almeida Garret, fala de mais de
cem mil!”
[pág. 211]“Não havia, porém, só devotos ali. Como doutras vezes, e ainda mais, havia uma boa percentagem de curiosos, de descrentes, de ateus, que tinham vindo unicamente para troçar, para rir de tão ingénuas crenças.
[...] Em certa altura, um deles brada quase exasperado: Era bem feito que cortassem a cabeça aos três cachopos
[os três pastorinhos]! Enganaram-nos fazendo que nos molhássemos até à medula dos ossos.”
[pág. 212]“...no local a que no dia 13 deste mês, concorreram, na atitude mais pacífica, ordeira e correcta, cerca de
cinquenta mil pessoas de todas as classes e condições sociais e dos pontos mais distantes e opostos do país.”
[pág. 261]“Ao mesmo tempo
[Lúcia] olhou para o Nascente e disse à Jacita: – Ó Jacinta, ajoelha, que já lá vem Nossa Senhora. Já vi o relâmpago.”
[pág. 213]“O momento já é sabido, era o meio-dia solar. Instantes depois os três videntes vêem o relâmpago e a Lúcia grita: – Caluda, caluda!
[expressão usada para pedir silêncio] Já lá vem Nossa Senhora! Já lá vem Nossa Senhora!... E a Senhora, pela última vez, veio e poisou os Seus nevados pés sobre as grinaldas de flores e as fitas com que as mãos piedosas da senhora Maria Carreira lhe tinha ornado o pedestal. O rosto da vidente
[de Lúcia] toma uma expressão sobrenatural; as feições tornam-se-lhe mais delicadas, o colorido das faces mais mimoso, o olhar mais suave. A Lúcia entra em comunicação directa com o divino e não ouve a mãe
[a mãe de Lúcia] que lhe diz: — Vê bem, filha. Olha que não te enganes! Uma nuvem acinzentada envolve o cândido grupinho como ténue voluta de incenso. — Que é que Vossemecê me quer — é a pergunta que a singeleza da Lúcia tem sempre espontânea. — Quero dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem a rezar o terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para as suas casas. Eu tenho muitos pedidos. Quer cumpri-los ou não? — Alguns sim, outros não — responde a Virgem. — É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados. E, tomando um aspecto muito triste, continuou: — Não ofendam mais a Nosso Senhor que já está muito ofendido! — Não quer mais nada de mim? — pergunta por fim a criança. — Não quero mais nada — respondeu a branca Senhora. — E eu também não quero mais nada. E a Senhora do Rosário despediu-se, pela última vez, dos seus três confidentes, abriu as mãos, fê-las reflectir aos fulgores solares e, enquanto se elevava, a sua luz não deixava de se projectar no disco luminoso. A Visão era mais brilhante que o sol! A Lúcia, sem despegar o seu olhar da radiosa Aparição, grita para o povo: — Lá vai Ela! Lá vai Ela! Lá vai Ela! Olhem para o sol! Junto do astro-rei uma nova Visão deslumbra as privilegiadas crianças. É São José com o Menino Jesus e Nossa Senhora — a Sagrada Família. São José, vestido de branco, emergia das nuvens deixando ver apenas a parte superior do tronco. O Menino no seu braço esquerdo, vestia de vermelho e via-se inteiramente. Nossa Senhora estava à direita do sol, de corpo inteiro, vestida de vermelho e com um manto azul que lhe cobria a cabeça e que caía solto. São José traça por três vezes, no ar azul, uma cruz, abençoando aquela multidão enorme ajoelhada na Cova lamacenta. Desvanecida esta Aparição, outra lhe sucede. É Jesus Cristo, ao lado direito do sol, vestido de vermelho, e sua Mãe Santíssima com as características de Nossa Senhora das Dores, vestida de roxo, mas sem espada no peito. O Divino Redentor lança também a sua bênção sobre o povo. Apagada esta Visão, parece-lhe ainda à Lúcia ver Nossa Senhora, agora com as características de Nossa Senhora do Carmo, deixando cair qualquer coisa da mão direita. E as Visões do Céu da Fátima extinguiram-se para sempre.”
[pág. 217/218]
Irmã Lúcia (Portugal, 1907-2005). Obra "Apelos da Mensagem de Fátima. Editora Secretariado dos Pastorinhos. 4ª edição (em português de Portugal). 2007. Fátima-Portugal. 300p." (pág. 180) Ensinamento da Irmã Lúcia:
Neste apelo da Mensagem temos também a aparição de Nossa Senhora como a Senhora das Dores, com um significado que não podemos deixar de recordar. Com ela, terá querido Deus mostrar-nos o valor do sofrimento, do sacrifício e da imolação por amor. Hoje, no mundo, quase não se quer ouvir falar destas verdades, de tal maneira se vive na busca do prazer, das alegrias vás e mundanas, das comodidades exageradas. Mas, quanto mais se foge ao sofrimento, tanto mais nos encontramos mergulhados no mar das aflições, desgostos, amarguras e penas.”
[pág. 178] “Na manifestação de Outubro de 1917, de que aqui nos ocupamos, Ela apresenta-se-nos sob a imagem da dor. A Igreja chama-lhe a Mãe das Dores: Nossa Senhora das Dores; porque, em seu coração, sofreu o martírio de Cristo, com Ele e ao lado d¨Ele.
Na verdade, é pelos méritos de Cristo que todo o sofrimento tem valor e nos purifica do pecado. É pela união com Cristo que o sofrimento pode fazer de nós vítimas agradáveis ao Pai e santificar-nos.”
[pág. 179] “
A aparição de Nossa Senhora do Carmo tem, a meu ver, o significado de uma plena consagração a Deus. Mostrando-Se revestida de um hábito [roupa, vestimenta], Ela quis representar todos os outros hábitos pelos quais se distinguem as pessoas inteiramente consagradas a Deus, dos simples cristãos seculares. Os hábitos são o distintivo de uma consagração, um resguardo do decoro e da modéstia cristã, uma defesa da pessoa consagrada. São para as pessoas consagradas o mesmo que a farda é para os soldados, e os galões para um graduado: distingue-os e mostra o que são e o lugar que ocupam, obrigando-os também a um comportamento digno da respectiva condição. Por isso, deixar o hábito religioso é retroceder; é confundir-se com aqueles que não foram chamados nem escolhidos para mais; é despojar-se de uma insígnia que os distingue e eleva....
Irmã Lúcia (Portugal, 1907-2005). Obra "Memórias da Irmã Lucia I. Editora Secretariado dos Pastorinhos. 14ª edição (versão em português de Portugal). 2010. Fátima-Portugal. 237p." (pág. 180/181) [Testemunho da Irmã Lúcia, a vidente:] Chegados à Cova de Iria, junto da carrasqueira, levada por um movimento interior, pedi ao povo que fechasse os guarda-chuvas para rezarmos o terço. Pouco depois,
vimos o reflexo da luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira. — Que é que Vossemecê me quer? — Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra, que
sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias.
A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas. — Eu tinha muitas coisas para Lhe pedir: se curava uns doentes e se convertia uns pecadores, etc. — Uns, sim; outros, não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados. E tomando um aspecto mais triste: — Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido
. E abrindo as mãos, fê-las reflectir no sol. E enquanto que se elevava, continuava o reflexo da Sua própria luz a projectar (-se) no sol. Eis, Ex.mo e Rev.ma Senhor Bispo, o motivo pelo qual exclamei que olhassem para o sol. O meu fim não era chamar para aí a atenção do povo, pois que nem sequer me dava conta da sua presença. Fi-lo apenas levada por um movimento interior que a isso me impeliu.
Desaparecida Nossa Senhora, na imensa distância do firmamento, vimos, ao lado do sol, S. José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul. S. José com o Menino pareciam abençoar o Mundo com uns gestos que faziam com a mão em forma de cruz. Pouco depois, desvanecida esta aparição, vi Nosso Senhor e Nossa Senhora que me dava a ideia de ser Nossa Senhora das Dores. Nosso Senhor parecia abençoar o Mundo da mesma forma que S. José. Desvaneceu-se esta aparição e pareceu-me ver ainda Nossa Senhora em forma semelhante a Nossa Senhora do Carmo. Antônio Augusto Borelli Machado (São Paulo). Obra: "As aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia. Editora Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda. 42ª edição. 1995. São Paulo. 94p." (pág. 59) O milagre do sol foi documentado pelo jornalista Avelino de Almeida de “O Século”, que publicou uma reportagem sobre o acontecimento logo na segunda-feira seguinte, dia 15 de outubro de 1917.
Igor Swann. Obra "As grandes aparições de Maria: Relatos de vinte e duas aparições. Ed. Paulinas. 2ª edição. São Paulo, 2001. 375p." “Ao alvorecer do dia marcado para a aparição em Fátima, 13 de outubro, a Cova da Iria estava gelada. Nuvens negras vinham do nordeste; uma neblina disforme, cortante e fria, soprava aqui e ali, A chuva implacável e persistente continuava a cair. Existem fotografias dos peregrinos reunidos para ver o prometido milagre da Mãe Santíssima. As fotos mostram um imenso mar de guarda-chuvas pretos. De manhã cedo, pelo menos cinqüenta mil pessoas haviam se reunido e logo esse número aumentou para entre setenta e noventa mil.” [pág. 206]
”Os videntes ajoelharam se no local. O meio-dia passou. A enorme multidão ficou impaciente e ameaçadora. Então as crianças indicaram que a Mãe Santíssima chegara. As mensagens foram transmitidas e as crianças relataram que um quadro de são José com o Menino Jesus lhes estava sendo mostrado. Ninguém mais via nada debaixo dos guarda-chuvas ouviam-se vaias e gritos. Os videntes disseram que a Senhora estava partindo. Ainda ninguém via nada. Ouviam-se gritos de "fraude" e "as crianças são loucas" Um murmúrio de desagrado foi crescendo no aguaceiro persistente. De repente, Lúcia disse que a Mãe Santíssima apontava para o sol por trás das nuvens turvas. A própria Lúcia apontou para cima. As nuvens se rasgaram no lugar apontado por ela Lúcia gritou: "Olhem para o sol!". Mas ela nem precisava ter mandado o povo olhar. Quando as nuvens se rasgaram, o sol apareceu como um grande disco de prata e a luz não feriu a vista de ninguém. Houve uma farfalhada de mais de cinqüenta mil guarda-chuvas sendo fechados. Todos os rostos se voltaram para cima, como se vê nas fotografias. Enquanto todos observavam, o sol começou a rodar a dançar a rodopiar rapidamente como uma gigantesca roda de fogo (as descrições variam). De repente o sol parou de girar. Esse fenômeno repetiu-se duas vezes. No terceiro giro do sol, sua borda adquiriu uma cor escarlate que espargia pelo céu chamas vermelhas que se refletiam nas colinas, nas rochas, nos rostos voltados para cima. Ouviram-se muitos gritos. Uma sucessão de feixes brilhantes irradiavam da borda do sol rodopiante: verde, vermelho, cor de laranja, azul, violeta, todas as cores do arco-íris. Os próprios feixes giravam, formando cascatas de luzes coloridas em toda parte e lá longe no horizonte. Muita gente caiu de joelhos em oração. O sol começou a tremer e depois, de repente, precipitou-se em direção à terra, descrevendo um ziguezague e aumentando de tamanho ao "chegar mais perto". Muitas testemunhas ficaram imobilizadas em estado de choque, mas a maioria caiu de joelhos, temendo a morte repentina, enquanto outras esforçavam-se para correr pelo chão lamacento. Então todos viram o sol, traçando o mesmo ziguezague, elevar-se a seu lugar de costume. Em alguns segundos, readquiriu o brilho natural, e agora feria a vista dos que tentavam olhar para ele. As nuvens sumiram. Estava um dia ensolarado, calmo e claro. Não havia um pingo de água nem de lama em parte alguma. De fato, havia poeira onde a lama havia estado e as galochas, botas, saias e calças de noventa mil pessoas estavam totalmente secas. O espanto e o silêncio eram profundos. Aí vieram as lágrimas e as aclamações. Vários repórteres e policiais incrédulos foram encontrados enfraquecidos, em estado quase comatoso. Disseram que "a alegria iluminava os rostos de todos" — pois o milagre prometido se realizara. Em 29 de outubro de 1917, fotografias dos rostos voltados para cima foram publicadas pelo jornal português Ilustração portuguesa e reproduzidas no mundo todo, com descrições do acontecimento. Centenas de testemunhas oculares foram entrevistadas — e a maioria contou quase a mesma história. Algumas nada viram, só perceberam que a lama desapareceu e, de repente e sem explicação, tudo ficou completamente seco. Os incrédulos explicaram que tudo isso era um caso de "histeria em massa". Mas quando depois se soube que o fenômeno fora visto e registrado por grupos independentes localizados até cinqüenta quilômetros longe de Fátima, os críticos incrédulos se calaram.” [pág. 207/209]