“Em 15 de setembro de 1938, Jeanne-Louise Ramonet, mulher triste e solitária, tricotava pacientemente em um dique, enquanto vigiava sua vaca leiteira que pastava na campina. Era um daqueles dias claros, ensolarados, típicos da Bretanha quando ela não está obscurecida pelo nevoeiro e a garoa. De repente, a alguns centímetros do chão, surgiu diante dela uma "bola de luz". A luz expandiu-se e adquiriu um contorno radiante. No centro desse "globo" apareceu uma "jovem de grande beleza". Jeanne-Louise caiu de joelhos e imediatamente a Senhora falou: Não tema! Não lhe desejo nenhum mal! Nos próximos anos, você me verá em ocasiões diferentes. Então lhe direi quem sou e o que quero de você. Uma nova guerra ameaça a Europa. Vou retardá-la durante alguns meses, pois não quero ficar surda a tantas orações pela paz que se elevam a mim, vindas de Lourdes. Depois de dizer isso, a Senhora "ascendeu devagar, inclinando-se para o norte, e desapareceu bem alto no céu". Esse incidente deixou Jeanne-Louise aturdida, mas a mensagem e a imagem da figura ficaram firmemente gravadas em sua mente. Assim começou a aparição agridoce em Kerizinen, a primeira de muitas que ocorreram de forma intermitente durante muitas décadas.” [pág. 238/239]
”Durante algum tempo, Jeanne-Louise não contou a ninguém sobre a aparição, guardando "o segredo no coração". Porém mais tarde, a vidente disse não ter dúvidas de que a aparição era a Virgem Santíssima e descreveu-a como linda jovem, que aparentava ter uns 17 anos de idade. Seu vestido era de um vibrante azul-escuro "muito bonito" e os olhos tinham a mesma cor vibrante. O vestido azul era ondulado embaixo, onde havia um remate branco. As mangas também tinham um remate branco. Uma fita branca dupla cingia o vestido. Um manto branco brilhante, preso ao pescoço por um alfinete retangular dourado, cobria lhe os ombros e ia até abaixo dos joelhos. Um véu muito leve e alvíssimo cobria-lhe o cabelo. Ela estava imóvel enquanto falava, com a cabeça ligeiramente inclinada para a esquerda. Tinha os braços em postura de oração e os dedos cruzados no peito. Do braço esquerdo pendia um terço. Quase 14 meses se passaram antes que ocorresse a aparição seguinte, em 7 de outubro de 1939, festa de Nossa Senhora do Rosário e 29º aniversário da vidente. A Senhora apareceu como antes e assim falou. "O mundo não para de ofender a Deus com pecados muito graves, em especial pecados de impureza, daí esta guerra como castigo por tantas faltas". A palavra traduzida como "grave" era lourds em francês e significa, mais exatamente, "estúpido" ou "tapado". A Guerra Civil espanhola havia terminado em fevereiro de 1939, mas outra guerra ainda não estava à vista, como veremos abaixo. A Senhora continuou. Mas o Céu não é insensível a tanta miséria e vem lhes dar um meio de salvação: vocês logo terão paz, se souberem como consegui-la — mas para isso é necessário que o povo leve uma vida de orações, de sacrifícios, de penitência. E necessário que as crianças, em especial, reúnam-se para recitar o terço, seguido do "Parce Domine" pelos pecadores... ..” [pág. 241/243]
”Durante a novena, a Mãe Santíssima apareceu a Jeanne-Louise pela 22ª vez. Durante a mesma novena, alguns disseram ver um "globo de luz" que descia sobre a casa de Jeanne-Louise.” [pág. 249]
No fim, Jeanne-Louise viu, no mínimo, 71 aparições da Senhora.” [pág. 252]
”Na confusão que se seguiu à revelação da estudante em 1949, alguns habitantes do povoado tiraram os manuscritos do padre. Entre eles encontrava-se uma descrição da 11ª a aparição, em de maio de 1944. Nessa data, aparentemente Jeanne-Louise não viu a Senhora, mas foi-lhe apresentado um quadro vivo. Parte do quadro mostrava homens que hasteavam uma bandeira vermelha. Alguns padres tentavam impedi-los, mas os homens os ameaçavam e xingavam e atiravam neles. Em um canto, o diabo, muito feliz, estimulava os homens. Em outro canto, a Virgem Santíssima chorava. O quadro tinha a inscrição: "Imagem do comunismo".” [pág. 254]