John F Haught. Obra "O que é Deus?. Ed. Paulinas. São Paulo, 2004. 118p." “A temática deste livro é como pensar acerca de Deus.
Deus não é algo em que se possa pensar facilmente, e muito menos ainda escrever. Se estamos interessados em discorrer a respeito de Deus, é porque provavelmente temos alguma "sensação", alguma "premonição", um "senso" ou "intuição" do que é referido como Deus.“
[pág. 7]“
A idéia de Deus não é uma invenção da teoria, e sim o produto de uma modalidade única de experiência. Os filósofos não inventaram o conceito de Deus. Essa noção chegou ao plano da consciência humana e introduziu-se no âmbito da história pela mediação da vida espontânea das pessoas religiosas. A linguagem original em que se manifestou o conceito de Deus é a do símbolo e do mito, tendo-se implementado em rituais e outros tipos de atividade humana bem antes de tornar-se tema de discussão filosófica ou teológica. Por conseguinte, qualquer reflexão que façamos em nosso modo teórico deve referir-se continuamente a essas expressões "ingênuas". Pois é possível que nessas fontes simbólicas exista uma plenitude sempre renovável de sentido, capaz de continuar a nutrir nosso pensamento em todas as épocas, não importa quão cientificamente inclinados possamos tornar-nos. Mesmo essa consideração, entretanto, não é suficiente para qualquer tentativa de pensar acerca de Deus, pois toda reflexão teórica significativa a respeito da idéia de Deus deve levar igualmente em conta nossa própria experiência. Devemos perguntar-nos se existe algo identificável na experiência de todos nós, e não apenas na dos religiosos, a que o nome "Deus" possivelmente se refira. A menos que exista alguma base comum de referência quando se fala do divino, tal discurso pode revelar-se humanamente desprovido de sentido.”
[pág. 8]