Joseph Ernest Renan (1823-1892). Obra: "Vida de Jesus. In: Coleção obra-prima de cada autor. Ed. Martins Claret. São Paulo, 2003. 528p." (pág. 427/428) “Flávio Josefo (37-100 d.C.), o historiador judaico contemporâneo do apóstolo Paulo, cuja obra foi escrita em 93 ou 94, menciona Jesus como um homem sábio, autor de feitos maravilhosos (Antiguidades judaicas, XVIII, 3, 3 e XX, 9,1, a autenticidade de ambos esses trechos tem sido posta em dúvida, por manifestar crença expressa na messianidade de Jesus, o que não era o caso de Josefo). Entre os pagãos, o primeiro a se referir a Jesus foi Talo (lat. Thallus, gr. Thallós), o Samaritano, na sua Crônica (c. 50 d.C.) em que alude à Paixão e dá uma explicação natural da escuridão que se fez ao meio-dia. Tácito (c. 55-d. 117 d.C.) refere-se, a propósito do incêndio de Roma (64) atribuído por Nero aos cristãos, "a uma seita detestavelmente supersticiosa", cujos adeptos eram "vulgarmente chamados cristãos", e Cristo, do qual seu nome deriva, foi executado por disposição de Pôncio Pilatos durante o reinado de Tibério (Annales, XV, 44). Em outro trecho (XIII, 32), Tácito refere-se a uma dama da sociedade romana, Pompônia Grecina (lat. Pomponia Graecina), "acusada de aderir a uma superstição importada". Uma frase de Suetônio limita-se a citar um certo Cresto (lat. Chrestos ou Chrestus), que causava tumulto entre os judeus (Vita Claudii [Vida de Cláudio], XXV, 4). Plínio, o jovem (62-c. 114), consultando o imperador Trajano sobre que tratamento deveria dar aos cristãos da Bitínia, menciona várias vezes o nome de Cristo. O Talmude babilônico (séc. IV d.C.) faz alusão a Jeshu ha-Nostri (Jesus de Nazaré) e a seus discípulos, mencionando ainda a sua morte pela Páscoa. Apesar da escassez de documentação, a teoria que nega a existência histórica de Jesus, considerando-o personagem mítica, está superada.”