Ensinamento de Santo Ireneu, bispo de Lião (140-200 d.C.). Obra: "Patrística: Padres Apologistas. Vol. 4. Ed. Paulus. São Paulo. 1995. 624p." Contra as Heresias: Doutrina Cristã (175-189 d.C.) “É o mesmo que se diz no texto seguinte: “O teu trono, ó Deus, subsistirá por todos os séculos; o cetro de teu reino é cetro de retidão. Amaste a justiça e aborreceste a iniqüidade; por isso, ó Deus, o teu Deus te consagrou pela unção”. O Espírito aqui designou com o nome de Deus tanto o Filho que recebe a unção como o Pai que a confere.
E ainda diz: Deus se apresentou na assembléia dos deuses e no meio deles julga os deuses”. Aqui se fala do Pai, do Filho e de todos os que receberam a adoção filial: estes constituem a Igreja, que é a assembléia de Deus, que Deus, isto é, o Filho, reuniu ele mesmo e por si mesmo. E ainda deste Filho que se diz: “O Deus dos deuses, o Senhor, falou e chamou a terra”. Quem é este Deus? É aquele de quem se diz: “Deus virá de maneira manifesta, o nosso Deus, e não se calará”: isto é, o Filho que veio entre os homens numa manifestação de si mesmo, e por isso diz: “Manifestei-me abertamente àqueles que não me procuram”.
E quem são estes deuses? São aqueles aos quais diz: “Eu disse: todos vós sois deuses e filhos do Altíssimo”, isto é, os que receberam a graça da filiação divina, “pela qual podemos chamar: Abba, Pai!”.” [pág. 258]“E para estes que o Verbo fala, quando explica o dom que faz da sua graça:
“Eu disse: todos vós sois deuses e filhos do Altíssimo; mas, como homens, morrereis”. Estas palavras são dirigidas aos que recusam o dom da adoção filial, desprezam este nascimento sem mancha que foi a encarnação do Verbo de Deus, privam o homem da sua elevação a Deus e manifestam ingratidão para com o Verbo de Deus, que se encarnou por eles.
Este é o motivo pelo qual o Verbo de Deus se fez homem e o Filho de Deus Filho do homem: para que o homem, unindo-se ao Verbo de Deus e recebendo assim a adoção, se tornasse filho de Deus.” [pág. 336] Frei Inácio Larrañaga (Espanha – 1928-2013). Obra: "O silêncio de Maria. Edições Paulinas. 39ª edição. 2012. 233p." (pág. 218/219) “Deus nos criou à sua imagem e semelhança. O Senhor depositou no fundo do ser humano a semente divina, que nos impele não a converter-nos em "deuses", substituindo o verdadeiro Deus (cf. Gn 3,5), mas a chegar a ser "divinos", participando da natureza divina. Tendo-nos criado, no princípio, semelhantes a ele, seus planos posteriores têm por finalidade fazer-nos cada vez mais semelhantes a ele.
[...] A tarefa gigantesca e trans-histórica de Jesus Cristo consiste em fazer o ser humano "passar" das leis do egoísmo para as leis do amor. Se o ser humano "é" egoísmo, e Deus "é" amor,
a divinização do ser humano consistirá em "passar" do egoísmo para o amor, em deixar de ser "homem" para chegar a ser "Deus".”
Santa Edith Stein (Alemanha, 1891-1942). Obra: "Edith Stein: Na força da Cruz. Editora Cidade Nova. 3ª edição. São Paulo. 2008. Coleção Clássicos da Espiritualidade. 107p." (pág. 73) O Criador do gênero humano, assumindo um corpo,
empresta-nos sua divindade.
Augusto Cury (Brasil, 1958-X). Obra: "Análise da Inteligência de Cristo: o Mestre da Sensibilidade. São Paulo. Ed. Academia de Inteligência. 2000. 214p." (pág. 190) “Agostinho, nos séculos iniciais da era cristã, resumiu resolutamente o seu pensamento sobre a missão e o cálice de Cristo. "
Deus se tornou um homem para que o homem se tornasse Deus". Agostinho, neste pensamento, quis dizer que o objetivo de Deus é que
o homem conquistasse a natureza divina e se tornasse filho de Deus, não para ser adorado, mas para receber todas as dádivas do seu ser. O próprio apóstolo Pedro, na sua velhice, escreveu em uma de suas cartas que através de Cristo "nós somos cooparticipantes da natureza de Deus". Incompreensível ou não era isso que pensavam Cristo e seus mais íntimos seguidores. Como pode o homem, tão cheio de falhas e tão restrito na sua maneira de pensar, receber a natureza de Deus e ser eterno como ele?”