Bíblia Ave Maria ÍNDICE DOUTRINAL
IMAGENS: A proibição do Ex 20,4s e do Dt 4,15s aplica-se às imagens culturais. No Novo Testamento, a palavra “imagem” é usada às vezes no sentido de expressão autêntica e adequada. São Paulo diz, por exemplo, que Cristo é a imagem de Deus: 2Cor 4,4; Cl 1,15; 3,10; outras vezes, indica subordinação de uma ordem inferior a outra superior. Por exemplo: o cristão em relação a Cristo: Rm 8,29; a vida terrestre em relação às realidades espirituais: 1Cor 15,49; 2Cor 3,18. Nesse sentido, se diz que o homem foi criado à imagem de Deus: Gn 1,26s; 5,1; 9,6; Sb 2,23; Eclo 17,1; Sl 2,23; – tanto no Êxodo como no Deuteronômio,
a proibição de imagens refere-se às imagens dos deuses estrangeiros e não de qualquer espécie de desenho, pintura ou escultura. Trata-se de ídolos e de figuras de deuses falsos que tomavam formas de pessoas, animais, astros, etc. Tanto é assim que o mesmo Deus mandou Moisés fazer uma
serpente de bronze. Essa imagem da serpente era prefigurativa de Jesus pregado na cruz: Jo 3,14s. Além disso,
Deus determinou a Moisés fazer dois querubins para cobrirem o propiciatório: Ex 25,18ss.
Salomão, quando construiu o templo, mandou fazer também querubins e outras figuras várias, entre as quais leões e bois: 1Rs 7,29. Nem por isso o templo foi do desagrado de Deus. Com essas proibições, Deus procurava proteger o pequeno povo de Israel, cercado de tantos povos idólatras e ele mesmo propenso à idolatria, do perigo dessa mesma idolatria. Portanto, ao recriminar os católicos, os protestantes deveriam primeiramente provar que as imagens de Jesus Cristo, Maria Santíssima e dos santos são realmente imagens da queles deuses estrangeiros.
Uma coisa é imagem, outra é ídolo.
O mesmo Deus que proibiu fazer imagens (de ídolos) mandou fazer imagens (não de ídolos), como a serpente de bronze, os querubins.
Justino de Roma (100-165 d.C.). Obra: "Diálogos com o sábio judeu Trifão (155 d.C.) in Patrística: Padres Apologistas. Vol. 2. Ed. Paulus. São Paulo. 1995. 324p." (pág. 257) “Se não é assim, então dizei-me: não foi Deus, por meio de Moisés, quem mandou não fazer absolutamente nenhuma imagem ou representação de coisas lá do alto do céu, nem cá de baixo da terra? No entanto, no deserto,
ele mesmo fez Moisés fabricar a serpente de bronze e a colocou como sinal, pelo qual se curavam os que eram picados pelas serpentes. Nem por isso vamos dizer que Deus seja culpável de injustiça. E, como eu já disse, com isso Deus anunciava um mistério, pelo qual destruiria o poder da serpente, que foi autora da transgressão de Adão; e, ao mesmo tempo, anunciava salvação para aqueles que crêem naquele que era simbolizado por esse sinal, isto é, naquele que deveria ser crucificado e os haveria de livrar das picadas da serpente, que são as más ações, as idolatrias e demais iniqüidades. Com efeito, se não é assim que deva ser entendido, dai-me um motivo por que Moisés ergueu como sinal a serpente de bronze e mandou que os picados olhassem para ela e eles se curavam.
Fez isso depois que ele próprio tinha ordenado que ninguém absolutamente fabricasse imagem.”
Irmã Lúcia (Portugal, 1907-2005). Obra "Apelos da Mensagem de Fátima. Editora Secretariado dos Pastorinhos. 4ª edição (em português de Portugal). 2007. Fátima-Portugal. 300p." (pág. 73) Ensinamento da Irmã Lúcia: “É certo que, no Levítico, o Senhor diz: «Não façais para vós ídolos
[...] nem coloqueis na vossa terra nenhuma pedra simbólica para vos prostrardes diante dela, porque Eu sou o Senhor, vosso Deus» (LV 26,1), mas lemos também na Sagrada Escritura que, no deserto, quando o povo de Israel se viu atacado por uma invasão de serpentes venenosas, cuja mordedura era fatal,
Deus mandou a Moisés que fabricasse uma serpente de bronze e a colocasse no alto de um poste, para que aqueles que fossem mordidos, olhando para ela, não morressem (Nm 21 ,4-9). Sem dúvida que não era a serpente de bronze que operava o milagre de salvar daquele veneno mortal a vida das pessoas, mas a fé na eficácia da palavra de Deus, que assim o prometera; era a fé com que elas olhavam para essa serpente, que representava Jesus Cristo levantado no madeiro da cruz. É assim que devemos olhar para as imagens dos Santos: recordando o que elas representam, acreditando no que elas representam, amando e respeitando o que elas representam.
Roberto Andrade Tannus. Obra "Conhecendo Melhor a Fé Católica. Ed. Gólgota. 8ª edição. Goiânia, 2018. 190p." [pág. 156:] Porém, o mesmo Deus que proíbe a adoração aos ídolos manda fazer imagens sacras.
Deus mandou Moisés fazer a Arca da Aliança, ordenando que se colocasse em cima da arca a escultura de dois querubins (anjos). Vejamos: "Farás também dois querubins de ouro, de ouro batido os farás nas duas extremidades do propiciatório. Farás um querubim na extremidade de uma parte, de uma só peça com o propiciatório. Fareis os querubins nas duas extremidades dele. E porás o propiciatório em cima da arca, depois que houveres posto da arca o testemunho que te darei. (Ex 25,18-19.21)".
Moisés e os israelitas se prostraram inúmeras vezes diante da Arca da Aliança, que tinha as imagens dos anjos e, mesmo assim, não idolatraram as imagens, mas estas indicavam que aquele era um instrumento consagrado a Deus.
[pág. 158/160:] Quando Deus mandou Moisés fazer a escultura de uma serpente não era para que o povo a adorasse, mas que servisse de sinal ao povo desobediente.
[...] A serpente de metal serviu de sinal de salvação. Imagem é isso: um sinal.
[...] Jesus compara a serpente de metal que Moisés colocou sobre um poste com sua própria cruz: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3,14-15)