“Houve um homem que não se abalava quando contrariado. Jesus não se perturbava quando seus seguidores não correspondiam às suas expectativas. Diferente de muitos pais e educadores, ele usava cada erro e dificuldade dos seus íntimos não para acusá-los e diminuí-los, mas para que revisassem suas próprias histórias.” [pág. 17/18)
“Quem na história expressou as características do mestre de Nazaré? Raramente alguém reúne meia dúzia dessas características em sua própria personalidade. Elas são universais, por isso foram procuradas de forma incansável pelos intelectuais e pensadores de todas as culturas e sociedades.” [pág. 20/21)
“Aquele que teve a personalidade mais espetacular de todos os tempos tem de ser investigado à altura que merece.” [pág. 21)
“Nas situações mais tensas, ele não se embaraçava nem se preocupava em ter reações imediatas. Ele pensava antes de reagir e não reagia antes de pensar. De fato, mergulhava dentro de si mesmo e abria as janelas da sua mente para encontrar as idéias mais lúcidas para uma determinada pergunta, dificuldade ou situação. Deste mergulho interior emanavam seus pensamentos. Maravilhados com sua sabedoria, os fariseus e os herodianos se retiraram de sua presença.” [pág. 57)
“Nenhum ser humano esteve em uma posição tão alta como a dele. Todavia, paradoxalmente, ninguém se humilhou tanto como ele.” [pág. 62)
“A personalidade de Cristo é difícil de ser investigada. Ela foge completamente à previsibilidade lógica, por isso é capaz de deixar perplexo qualquer pesquisador da psicologia.” [pág. 94)
“O mestre dos mestres da escola da vida deixou-nos um modelo vivo de uma pessoa emocionalmente saudável. Ele se entristeceu ao máximo, mas não teve medo nem vergonha de declarar abertamente as emoções aos seus amigos. Estes registraram em papiros essa característica de sua personalidade e a expuseram ao mundo. Até hoje, a maioria das pessoas não entende que tal característica reflete uma pessoa encantadora. Somente os fortes conseguem admitir suas fragilidades.” [pág. 110/111)
“Alguns, por analisar superficialmente os pensamentos e as reações de Cristo na noite em que foi preso, vêem ali fragilidade e recuo. Eu vejo ali a mais bela poesia da liberdade, resignacão e autenticidade. Tinha liberdade de omitir seus sentimentos, mas não o fez. Nunca alguém tão grande foi tão autêntico.” [pág. 114)
“Uma análise psicológica estrita da personalidade de Cristo indica que ele teve tal habilidade. Só envolveu a emoção tensa na sua produção de pensamentos horas antes de morrer. Se, durante a sua jornada, não soubesse administrar a sua inteligência, ele estrangularia a sua emoção, pois, por estar consciente do drama que atravessaria, ficaria atormentado continuamente na sua mente, o que não lhe daria condições para brilhar na arte de pensar, ser sereno, afetivo e dócil com todas as pessoas que cruzavam a sua história. Não vivendo um teatro: o paradoxo entre o poder e a singeleza. Quando aquele homem dócil e corajoso pediu a Deus que afastasse dele aquele cálice, tomou a atitude mais incompreensível de toda a sua história. Com essas palavras, como estudamos, ele viveu a arte da autenticidade, mas, por outro lado, essa atitude poderia comprometer a adesão de novos discípulos, pois é próprio da fantasia humana aderir a alguém que nunca expresse qualquer fragilidade. Alguns veem nessa atitude fragilidade e hesitação, mas após estudar exaustivamente a sua personalidade, vejo nela a mais bela poesia de liberdade. Ela retrata que, se quisesse, poderia ter evitado o seu cálice, mas o tomou livre e conscientemente.Suas palavras revelam que ele não representava uma peça, mas queria ser ele mesmo, por isso relatou sem maquiagem o que se passava no palco da sua emoção. Jesus de Nazaré era tão grande e desprendido que não tinha nenhuma necessidade de simular o que sentia. Nós, ao contrário, não poucas vezes simulamos o que sentimos, pois temos medo de ser desaprovados e excluídos do ambiente em que vivemos.” [pág. 181/182)
“Como mencionei, em vez de usar o seu poder para controlar as pessoas e almejar que o mundo estivesse aos seus pés, ele se abaixou e lavou os pés de homens sem privilégios sociais. O amor que o movia ultrapassava os limites da lógica. A psicologia não consegue perscrutá-lo e analisá-lo adequadamente, pois sua personalidade é muito diferente do prosaico.” [pág. 184)