Augusto Cury (Brasil, 1958-X). Obra: "Análise da Inteligência de Cristo: o Mestre da Sensibilidade. São Paulo. Ed. Academia de Inteligência. 2000. 214p." (pág. 127/130) “Ao ouvir as palavras e ao ver o semblante sofrido do mestre, Pedro estressou-se intensamente. Dormiu e não esteve junto dele na sua dor. Entretanto, acordado pela prisão do mestre, resolveu resgatar a sua dívida. Foi clandestinamente ao pátio do sinédrio. Mas ele já estava tenso e fatigado. No pátio, ficou estarrecido diante do espancamento que o mestre sofria. Nunca ninguém lhe havia tocado um dedo, mas agora os homens esmurravam o seu corpo, esbofeteavam a sua face e cuspiam em seu rosto. Que cena chocante Pedro observava! Aquela cena abalou as raízes do seu ser, perturbou sua capacidade de pensar e decidir. Interrogado por simples servos, ele insistentemente afirmou: "Não conheço este homem”. Creio que a atitude de Pedro, de ter vergonha do mestre, de negar tudo que Viu e viveu com ele, abriu, naquele momento, uma vala mais profunda na alma de Jesus do que a causada pelos soldados. No entanto, Cristo amava intensamente Pedro e conhecia o cerne do seu ser. O amor do mestre de Nazaré pelos seus discípulos é a mais bela e ilógica poesia existencial já vivida por um homem. Pedro podia excluir Jesus de sua história, mas Jesus jamais o abandonaria, pois o considerava insubstituível. Nunca alguém amou e se dedicou tanto a pessoas que o frustraram e lhe deram tão pouco retorno.
[...] O mestre, ao prever que Pedro o negaria e que os discípulos o abandonariam, queria mostrar que não exigia nada deles.
[...] Que mestre sacrificou tanto para ensinar aos seus discípulos? Ele os amava intensamente. Nunca os abandonaria, mesmo que eles o abandonassem.”