Augusto Cury (Brasil, 1958-X). Obra: "Análise da Inteligência de Cristo: o Mestre da Sensibilidade. São Paulo. Ed. Academia de Inteligência. 2000. 214p." (pág. 188) “O Pai queria a cruz, e o filho, na condição de homem, expressou, ainda que por algum momento, que desejou evitá-la. Esta situação revela claramente que o martírio de Cristo não foi um teatro. Ele, independente de sua divindade, sofreu como um ser de pele, fibras musculares, nervos. Submeteu-se ao seu Pai, não por temor ou por imposição dEle, mas por amor. Um amor que excede o entendimento.Essa diferença de vontade não era um problema para eles, pois um procurava satisfazer o desejo do outro. Por isso, segundo os evangelhos, o maior conflito do universo foi resolvido em pequenos momentos. Por que entre eles há uma inexprimível harmonia? Ambos possuem uma coexistência misteriosa, um assunto que, se os leitores quiserem se aprofundar, devem procurar os livros dos teólogos. Cristo disse certa vez a Filipe, um dos discípulos: "Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?". O Pai e o filho fazem parte, juntamente com o Espírito Santo, de uma trindade incompreensível para a inteligência humana.A vontade do Pai prevaleceu sobre a vontade do filho. O filho compreendeu que o cálice seria inevitável, por isso rendeu-se à vontade do Pai. Embora não tenhamos elementos investigáveis, subentende-se que o Pai, embora contemplasse os gemidos de dor do filho e tivesse consciência dos açoites e feridas pelas quais ele passaria, o convenceu a tomá-lo.”