Santo Ireneu, Bispo de Lião (140-200 d.C.). Obra: "Patrística: Padres Apologistas. Vol. 4. Ed. Paulus. São Paulo. 1995. 624p." Contra as Heresias: Continuidade entre Antigo e Novo Testamento (189-198 d.C.) “Justamente, alguém lhes poderia dizer, como sugere a própria Escritura: Visto que elevastes os vossos pensamentos acima de Deus, exaltando-vos de maneira desconsiderada — ouvistes dizer que os céus foram medidos aos palmos —, dizei-me qual é a sua medida e a quantidade inumerável dos côvados! Dizei-me o seu volume, a largura, o comprimento e a altura, o principio e o fim da extensão, coisas que o coração do homem nunca conceberá — nem entenderá. Pois são verdadeiramente grandes os depósitos dos tesouros celestes; incomensurável para o coração, ininteligível para a mente é o Deus que encerra em seu punho a terra.
Quem saberá somente qual é a medida do dedo da sua mão direita? Quem poderá compreender o tamanho de sua mão que mede o incomensurável e fixa a medida dos céus e encerra em seu punho a terra com seus abismos, que contém em si a largura, o comprimento, a profundidade e a altura de toda a criação visível, sensível, inteligível e invisível? Por isso, Deus está sobre todo principio, poder, dominação e toda coisa que tenha nome, e toda coisa feita e criada. É ele que enche os céus e perscruta os abismos, e que está com cada um de nós: “Eu sou Deus vizinho — diz — e não Deus afastado. Se o homem se esconder num esconderijo eu não o verei?”. Sua mão contém todas as coisas: é ela que ilumina os céus, que ilumina tudo o que esta debaixo deles e que perscruta os rins e os corações, que está presente nos lugares ocultos, nos nossos segredos e abertamente nos alimenta e protege.”
[pág. 425/426]”
Portanto, não se pode conhecer a grandeza de Deus porque é impossível medir o Pai; mas, segundo o seu amor — visto ser este que nos leva a Deus, por meio de seu Verbo —, os que lhe obedecem sempre aprendem que existe um Deus tão grande, que é ele que de per si criou, fez, harmonizou e contém todas as coisas, e, entre todas elas, nós mesmos e o nosso mundo.”
[pág. 427]