Jaime Francisco de Moura. Obra "Por que estes ex-Protestantes se tornaram Católicos: Testemunhos de ex-pastores e leigos que voltaram à Igreja Mãe. 1ª edição. Ed. Com Deus. São José dos Campos. 2003. 252p." (pág. 116/118) Testemunho de conversão de Marcus James Akin, ex-Ministro Protestante: “Um ano ou dois após eu ler o texto de Leon sobre Maria, eu li um livro de um autor católico que dedicava bastante atenção sobre o capítulo 16 do Evangelho de Mateus, na parte sobre o papa. Nessa passagem Cristo diz, "tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja". Até esse tempo eu sempre pensara que a pedra sobre a qual a Igreja fora construída fosse a revelação de que Jesus é o Cristo, e eu podia defender muito bem esse posicionamento. Quando meus olhos esquadrinhavam a passagem, notei pela primeira vez uma característica estrutural no texto que exigia que Pedro fosse a pedra. Em (Mt 16,17-19) Jesus faz três declarações a Pedro: (a) "Bem-aventurado és tu Simão Barjonas", (b) “Tu és Pedro", e (c) "Eu te darei as chaves do reino dos céus".
A primeira declaração é Obviamente uma bênção, algo que aumenta e eleva Pedro. Cristo o declara abençoado porque ele recebeu uma revelação especial de Deus. A terceira declaração é também uma bênção: Cristo declara que dará a Pedro as chaves do reino dos céus. Isso é obviamente uma beatitude, algo que aumenta e eleva Pedro. E se a primeira e a terceira declaração são bênçãos, a intermediária nesse contexto deve ser o mesmo. Havia um problema, porque para defender a visão de que Pedro não fosse a pedra sobre a qual a Igreja é construída, eu tinha que apelar para uma diferença de pouca importância no texto grego entre a palavra usada para Pedro (Petros) e a palavra usada para pedra (petra). De acordo com a interpretação anti-católica padrão, Petros significa "uma pedra pequena" enquanto petra significa "uma grande massa de pedra", e a afirmação "tu és Pedro [Petros]", deveria ser entendida como algo que enfatizasse a insignificância de Pedro.
Os evangélicos imaginam que Cristo tenha intencionado dizer, "tu és uma pedra pequena, Pedro, mas eu erguerei minha Igreja nessa grande massa de pedra que é a revelação da minha identidade". Um problema com essa interpretação, um problema que muitos protestantes eruditos na Bíblia admitirão, é que enquanto Petros e petra realmente tinham esse significado em algumas poesias gregas mais antigas, a distinção já não existia no século I, quando o Evangelho de Mateus fora escrito. Nesse período as duas palavras tinham o mesmo significado: uma pedra. Outro problema é que quando se dirigia a Pedro, Jesus não falava em grego, mas em aramaico, uma língua prima do hebraico. Em aramaico não há diferença entre as duas palavras que em grego são traduzidas para Petros e petra. Ambas são kepha; é por isso que Paulo geralmente se refere a Pedro como Cefas (cf. 1Cor 15,5, Gál 2,9). O que Cristo realmente disse foi, "tu és Kepha e sobre essa kepha eu erguerei a minha Igreja".
Mas ainda que as palavras Petros e petra tivessem significados diferentes, a leitura protestante de duas "pedras" diferentes não seria adequada ao contexto. A segunda declaração a Pedro seria algo que o diminuiria, mostrando a sua insignificância, como resultado, Jesus estaria dizendo, "Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas! Tu és uma pedrinha insignificante. Aqui estão as chaves do reino dos céus!" Algo como uma seqüência incongruente de declarações que seria não apenas esquisita, mas inexplicável (muitos comentaristas protestantes reconhecem isso e fazem de tudo para prejudicar o sentido óbvio dessa passagem, por mais implausíveis que sejam as suas explicações). Eu também notei que as três declarações do Senhor a Pedro tinham duas partes, e a segunda explicava a primeira. O motivo pelo qual Pedro era "bem-aventurado" era porque "to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai que está nos céus" (v. 17). O significado da mudança de nome, "tu és Pedro" (pedra), é explicado pela promessa, "sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (v. 18). O objetivo das chaves é explicado por, "e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus" (v. 19). Uma leitura cuidadosa dessas três declarações, com atenção ao contexto imediato e à interrelação, claramente mostra que Pedro era a pedra sobre a qual Jesus falava.
Essas e outras considerações mostravam-me que as interpretações anti-católicas padrões desse texto não se mantinham após cuidadoso exame bíblico. Elas eram forçadas a descontextualizar a declaração intermediária. Eu mudei a minha opinião, concluindo que Pedro era de fato a pedra sobre a qual Jesus construiria a sua Igreja. Isto é, eu acredito, o que um leitor imparcial observando a estrutura literária e gramatical do texto concluiria.
Se Pedro era de fato a pedra sobre a qual Jesus falava, isso significa que ele era o apóstolo líder (o texto grego revela que Pedro sozinho fora escolhido para essa honra, e a ele sozinho foi dada a autoridade especial simbolizada pelas chaves do reino dos céus, embora os outros discípulos compartilhassem de modo geral a autoridade de Pedro em ligar e desligar [cf. Mt 18,18]). Se ele era o apóstolo líder, então logo que Cristo ascendeu aos céus, Pedro seria a cabeça terrena da Igreja, subordinado à liderança celestial de Cristo.
E se Pedro era a cabeça terrena da Igreja, ele se adequava à mais básica definição da função do papa. Como resultado, eu tive de concluir que os católicos estavam certos em dizer que Pedro fora o primeiro papa. Se Cristo tinha a intenção de que devessem haver outros papas, era uma questão que eu ainda tinha que resolver, mas eu já tinha visto o suficiente para saber que deveria reinvestigar a teologia católica.”